José Petrúcio de Farias Junior

 

OUTROS OLHARES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA NO BRASIL: PERCURSOS E PERCALÇOS


A escrita da História escolar, presente nos livros didáticos, assim como a história acadêmica, é objeto de disputas e se insere em jogos de poder, uma vez que o passado é construído a partir de inclinações, predileções ou inquietações de sujeitos e grupos no presente e isso explica, em certa medida, porque o passado é tão móvel ou passível de infinitas atualizações.

 

Para Jörn Rüsen (2002), essa maleabilidade do passado, no tocante à atribuição de sentidos por diferentes sujeitos, em diferentes recortes espaço-temporais, é que permite que ele continue a fazer sentido para nós. Então, estudar História torna-se um exercício indispensável à ampliação de nosso ‘olhar’ sobre o presente, a partir do momento em que passamos a problematizar valores, princípios ou crenças da sociedade em que vivemos.

 

Isso posto, diante do cenário de ataque às humanidades no Brasil, sob a alegação de os cientistas das humanidades e professores estarem mais preocupados com a doutrinação ou manipulação de suas audiências, a quem as aulas de História incomodam tanto?

 

Primeiro, àqueles que são apegados a narrativas universais, concebidas como’ verdade absoluta’. A aula de história traz à tona a “guerra de narrativas” (expressão cunhada por Christian Laville (1999) para aludir às tensões entre a história ensinada e as instâncias de poder, responsáveis pela definição de currículos e percursos educacionais) de que o passado e o presente são constituídos, suas dissonâncias ou dissensões e esclarece os jogos de poder que resultaram na legitimação de certas visões de mundo em detrimento de outras.

 

As aulas de História também incomodam quem não está inclinado a indagar suas próprias crenças/convicções, provavelmente porque tais narrativas beneficiam os grupos que as alimentam e disseminam.

 

O apego a narrativas, ideias, valores ou princípios sociais que têm a pretensão de universalidade abre espaço para negacionismos, para silenciamentos, para o apagamento da memória de grupos políticos ou culturais que não desfrutaram do amparo das instâncias de poder para chancelar/autorizar/legitimar os seus discursos. Quando nos reportamos à abordagem da história dos cristianismos, no âmbito das aulas de História Antiga, essas questões se tornam mais evidentes.

 

Por exemplo, tratar o cristianismo ortodoxo como ‘religião’ e as demais experiências religiosas antigas (egípcias, mesopotâmias, gregas, romanas, entre outras como indígenas e afrodescendentes) como ‘mito’, implica assumir que há experiências religiosas menos legítimas que outras, tendo em vista a conotação que o termo ‘mito’ incorporou no senso comum. Perpetua-se a ideia de que existem culturas mais atrasadas ou inferiores. Além disso, essa linha de raciocínio pode tornar os sujeitos mais intolerantes e opressores, da mesma maneira que, no processo expansionista europeu do século XVI, houve a desqualificação de sujeitos que não se ajustavam ao mito europeu cristão. Então, dizer que religião e mito são opostos e que há uma escala valorativa que os diferenciam, contribui para reproduzir práticas de intolerância e opressão. É urgente a revisão destes posicionamentos no ensino a fim de que tais práticas sejam coibidas, principalmente em virtude de sua inadequação ao campo das ciências humanas.

 

Ainda no tocante às experiências religiosas cristãs, Chevitarese (2016) lembra-nos de que, como qualquer experiência religiosa, devemos abordá-las, considerando seu caráter plural e multiperspectivado, por isso o historiador ”prefere usar o termo ‘cristianismos’, levando em consideração a diversidade dos grupos religiosos do passado e a historicidade de suas narrativas” (FARIAS JUNIOR; MOURA, 2020, p. 91).

 

Por exemplo: com a adoção de políticas pró-cristãs, a partir do imperador romano Constantino, tornou-se mais evidente uma série de correntes cristãs que passaram a rivalizar entre si, sobretudo a partir do IV século, nas principais cidades do Império Romano, a saber: Alexandria, Antioquia, Roma, Constantinopla e Jerusalém, entre outras.

 

Tais rivalidades se sustentavam porque não havia um consenso entre os bispos quanto à interpretação dos livros canônicos e o caráter divino de Jesus e de Maria, mãe de Jesus. Entre os credos cristãos mais conhecidos pela historiografia, destacam-se o niceno, o ariano, o sabelianista, o apolinarista, o monofisita, o pelagiano, o donatista, entre muitos outros.

 

As dissensões entre as comunidades cristãs resultaram na necessidade de intervenção imperial e o imperador romano tornou-se, no transcorrer do IV século, uma figura-chave para imprimir um tom mais homogêneo aos discursos cristãos, na medida em que contribuiu por chancelar o cristianismo ortodoxo (aceito e reconhecido pelas instâncias de poder) em detrimento dos heterodoxos (ilegítimos, desviantes).

 

O credo ariano e o credo niceno tornam-se mais populares justamente porque foram as doutrinas cristãs que desfrutaram de reconhecimento político-institucional entre os imperadores Constantino e Teodósio, as demais correntes tornaram-se ilegítimas e foram perseguidas por diferentes agentes políticos e jurisdições.

 

O credo niceno, reconhecido como ‘ortodoxo’ pelo poder imperial e que, portanto, tornou-se hegemônico, desde Teodósio, defende que o Filho é consubstancial ao Pai, ou seja, da mesma substância divina. Dessa forma, os bispos nicenos apoiavam-se na ideia de consubstancialidade entre Pai, Filho e Espírito Santo, o que será posteriormente chamado de dogma trinitário por meio do qual se entende que tais entes divinos compartilham a mesma substância, mas manifestam-se (hipóstase) de três formas distintas, o que corroborava com a fórmula ‘um imperador, um deus e uma igreja’, motivo pelo qual, para muitos historiadores, tenha sido esta a fórmula de fé que mais atraiu a atenção de imperadores como Constantino e Teodósio, preocupados com a manutenção da unidade político-administrativa do Império (FARIAS JUNIOR, 2020, p. 67).

 

Nossas pesquisas, no âmbito do ensino de história, voltadas à análise de livros didáticos e de narrativas docentes, demonstram que a vertente cristã nicena, chancelada pelo imperador Teodósio e professada pela Igreja Católica, até hoje, é adotada, por muitos manuais de História, como protótipo do cristianismo, posicionamento que negligencia e obscurece as demais correntes cristãs em disputa que circulavam pelo Império Romano.

 

Tais narrativas provocam nos leitores a falsa percepção de que o passado é homogêneo, já que opta apenas por apresentar o discurso “vencedor”, isto é, aquele que é chancelado e autorizado pelas instâncias de poder (FARIAS JUNIOR, 2020, p. 67). O passado, dado o exposto, passa a ser concebido a partir de um relato uníssono, causal, linear e teleológico, organizado para explicar o presente e conectado com intencionalidades e objetivos da cultura religiosa dominante no Brasil contemporâneo.

 

Um ensino de História Antiga voltado à exemplaridade do passado para fundamentar modos de agir e pensar no presente ou à explicação das ‘origens’ de instituições ou experiências político-culturais contemporâneas dificulta e muitas vezes inviabiliza o desenvolvimento do ‘pensar historicamente’, fim último das aulas de História.

 

Por ‘pensar historicamente’, entendemos a adoção de um ’olhar’ crítico e reflexivo em relação às formas como atribuímos sentido ao passado, a partir das circunstâncias históricas e do ambiente político-cultural em que estamos inseridos e nos impacta, porquanto somos sujeitos de nosso tempo.

 

Trata-se, no limite, de uma postura intelectual que visa à compreensão e à problematização das ‘imagens’ do passado, construídas pelos sujeitos, e que estão presentes em nossa cultura histórica, uma vez que cada presente produz demandas singularidades que nos permite indagar o passado a partir de inquietações ou predileções que emergem dos campos de experiências político-culturais dos sujeitos.

 

Isso quer dizer que as fontes estão encobertas por ‘camadas de interpretação’ que foram depositadas ao longo dos anos por diferentes sujeitos, intencionalidades e objetivos. Reconhecer que as fontes estão encobertas por diferentes interpretações que se estabeleceram ao longo do tempo é o primeiro passo para entender que nosso ‘olhar’ e nossa ‘forma de pensar’ é produto do tempo em que vivemos. Essa reflexão orienta-nos a pensar sobre a historicidade dos objetos/ideias/experiências no âmbito da relação espaço-temporal.

 

A literatura sobre o ensino de História, didática da História e educação histórica sinaliza a importância de investigar os modos como os alunos atribuem sentido ao passado para que, a partir desse diagnóstico prévio, o docente possa intervir por meio da construção de situações de aprendizagem que os ensine a ‘pensar historicamente’. Queremos dizer com isso que o objetivo desta disciplina, nos currículos escolares brasileiros, não é ensinar ‘acontecimentos históricos’ em si, tampouco cumprir uma lista de conteúdos prevista por propostas curriculares; mas, como já dissemos, objetiva ensinar os jovens a ‘pensar historicamente’, o que implica usar ferramentas de que a história dispõe para se posicionar diante da análise de ações humanas no tempo.

 

Dito isso, defendemos que a riqueza do ensino de História consiste justamente não só em observar os condicionantes que permeiam nossas visões de mundo, modos de agir e pensar, mas também a ‘guerra de narrativas’ de que tanto o passado, quanto nosso campo de experiências se constitui. Isso requer que perscrutemos como e por que determinados discursos, instituições ou religiões predominaram, sobressaíram-se em detrimento de outros, o que também implica compreender como e por que narrativas e grupos sociais são silenciados ou negligenciados das ‘narrativas escolares’; uma discussão, diga-se de passagem, extremamente relevante para o presente.

 

Alguns críticos diriam (ou já disseram) que nosso propósito analítico está fadado ao fracasso, porque os LDs não objetivariam incluir as diferentes vertentes, movimentos e acontecimentos históricos, como se fosse um grande repositório de dados históricos. Mas, se considerarmos que o estudo da História, na Educação Básica, está comprometido com a ampliação de nosso olhar sobre o presente, com o intuito de formar cidadãos críticos, participativos e atuantes em diferentes espaços sociais, o estudo do cristianismo (ou da religião) se torna, convenhamos, um tema central.

 

André Chevitarese, em suas conferências, adverte-nos que qualquer historiador que almeje compreender minimamente ações e comportamentos humanos na contemporaneidade, precisa ler a Bíblia e entender suas recepções, tendo em vista a influência do discurso religioso cristão na história do Brasil para refletir sobre comportamentos, pontos de vista e decisões políticas que nos afetam. Se o ensino de História não nos permitir compreender a historicidade de experiências religiosas, presentes em nosso ambiente político-cultural, e desconsiderar a natureza multiperspectivada das experiências humanas no tempo, ela serve a que propósito?    

 

Não é de todo exagerado o posicionamento de muitos pesquisadores, na Academia, que dizem que o ensino de História no Brasil está preso, em muitos aspectos, ao século XIX! A ânsia de muitos professores da Educação Básica pelo cumprimento dos conteúdos prescritos no currículo ou dos capítulos previstos no livro didático, em meio a carga horária muito reduzida, torna-os refém não só de uma concepção de História fatual, descritiva, biográfica, etapista, linear e marcada por relações reducionistas de causa-efeito, mas também de uma concepção de Educação meramente instrucional, conteudista e hierárquica, em que muitas vezes o professor se porta como um fiscal do ensino, na medida em que controla e mensura, por meio de avaliações, o que o aluno reteve acerca dos conteúdos ministrados.

 

Em muitos casos, o docente resigna-se à narrativa histórica escolar dos LDs, reproduzindo-a, situação que retira do professor a autoria de seu próprio trabalho pedagógico, porque, em vez de construir as aulas em diálogo com os materiais didáticos, ele se submete à abordagem de tais manuais ou apostilas, os quais, em geral, perpetuam uma noção de educação/avaliação em que o estudante deve apresentar a ‘resposta certa’ à pergunta formulada pelo professor.

 

Isso explica, pelo menos em parte, a dificuldade de muitos alunos que ingressam no ensino superior, logo após a Educação Básica. Enquanto, na escola, os LDs, mas sobretudo o professor, é visto como um especialista que fornece informações ‘verdadeiras’, para que sejam reproduzidas em avaliações; na universidade, eles encontram tais ‘informações’, no entanto, em vez de memorizá-las, elas são postas ao debate, o que requer o posicionamento dos estudantes frente a discussões historiográficas. Neste nível educacional, os docentes universitários portam-se mais como condutores dos debates do que como ‘autoridade’ detentora de ‘respostas certas’.

 

Quando questionados sobre o porquê de manterem essa concepção de História e de Educação na educação básica, os professores em geral reportam-se à necessidade de cumprir os conteúdos prescritos nas propostas curriculares em curto espaço de tempo (uma ou duas aulas semanais no caso do ensino médio brasileiro).

 

As consequências dessa metodologia de ensino de História presente de maneira hegemônica na Educação Básica brasileira se refletem visivelmente no ensino superior: estudantes dispostos apenas a ouvir o docente e a reproduzir seus pontos de vista, ou seja, com pouca habilidade em engajar-se criticamente, construir argumentos consistentes, estruturar uma linha de raciocínio a partir da sustentação de uma ideia central, enfim, apresentar um posicionamento independente da perspectiva analítica do professor (GOODMAN, 2017, p. 50). E pior: com grande dificuldade em conceber experiências humanas no tempo, de modo descontínuo, multifacetado, constituídas por sujeitos descentrados que fazem uso de signos sempre móveis, com sentidos que ‘deslizam’ a depender das práticas discursivas e experiências culturais em se movimentam.    

 

Como já havíamos afirmado, nosso papel em sala de aula hoje consiste em ensinar o aluno a ‘pensar historicamente’, o que requer o uso de metodologias de análise documental que indaguem as fontes a partir de sua historicidade. “Nada pode ser mais prejudicial, para isso, do que uma tábua inflexível de conteúdos selecionados previamente e fora da relação educativa” (CERRI, 2011, p. 69), ou seja, do diálogo com nosso campo de experiências político-culturais, de onde produzimos as indagações que nos motivam ao estudo do passado; reconhecemos que é mais cômodo ao professor “passar conteúdo” (CERRI, 2011, p. 75) do que interagir com os discentes e desfazer preconceitos ou questionar os limites de suas representações sobre o passado. Talvez este seja nosso maior desafio em tempos de extremismos!

 

Referência biográfica

Dr. José Petrúcio de Farias Junior, professor da Universidade Federal do Piauí, campus de Picos, e colaborador junto ao Programa de Pós-Graduação em História do Brasil (PPGHB/UFPI).

 

Referências bibliográficas

CERRI, Luis Fernando. Ensino de história e consciência histórica: implicações didáticas de uma discussão contemporânea. RJ: Editora FGV, 2011.

 

CHEVITARESE, André Leonardo. Cristianismos: questões e debates metodológicos. RJ: Klíne, 2016 (b).

 

FARIAS JÚNIOR, José Petrúcio de. A teoria da história de Jörn Rüsen: estudos introdutórios e chaves de leitura. In: NASCIMENTO, Francisco de Assis de Sousa; SILVA, Jaison Castro; CHAVES, Reginaldo Sousa (Org.). A forja do tempo: artes e vanguardas diante do contemporâneo. Teresina: EDUFPI, 2016.

 

_____. História Antiga: trajetórias, abordagens e metodologias de ensino. Uberlândia: Navegando, 2020.

 

_____; MOURA, R. G. História dos cristianismos nos livros didáticos: considerações sobre a narrativa histórica escolar. Perspectivas e Diálogos: Revista de História Social e Práticas de Ensino, v.2, n.6, p. 88-111, 2020.

 

GOODMAN, Penelope J. Bridging the gap: teaching and studying Ancient

History and Classical Civilisation from school to university. The Journal of

Classics Teaching, n.18, p.48-53, 2017.

 

RÜSEN, Jörn. Kann gestern besser werden? Zum Bedenken der Geschichte. Berlin: Kulturverlag Kadmos, 2002.

34 comentários:

  1. Olá, José, antes de mais nada, parabéns pelo texto,

    Talvez fosse melhor falar de ortodoxias do cristianismo para eliminar as ambiguidades -já que há um cristianismo ortodoxo como religião singular (grego, russo).

    De fato, seria importante que os livros didáticos enfatizassem as querelas cristãs para mostrar essa polifonia da época em torno das leituras do proprio cristianismo.

    Enfatizo ainda, que na leitura do Laville há uma forte preocupação em como que o Estado se interessa pela história disciplina, e a história escolar em particular, pois é uma forma de interferir, pelo menos em parte, no que as futuras gerações pensarão sobre o mundo. Isso foi e continua a ser um probelma em muitos países, como a Austrália, os EUA, O Canadá e o Brasil, por exemplo. É questão que os franceses costumam mencionar como -"o romance nacional".

    É preciso que se construa com os alunos um caminho em que eles aprendam o valor da argumentação e do questionamento das coisas que são dadas como certas ou naturais. Mas, como você vem pontuando, deve ser estimulado no dia a dia, no cotidiano da escola, ao se pensar em temas, mas em especial a partir daquilo que se quer desenvolver como habilidade do pensamento histórico e os quadros conceituais são sempre muito estimulantes para isso.

    e sim, em certa medida, ainda cotinuamos com o pé no XIX, mas vamos em frente.

    grande abraço,

    Gui Moerbeck

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    1. Gratos pelas considerações, Moerbeck

      Sempre pontuais e pertinentes. Concordo com a sugestão do termo 'ortodoxias'. As experiências religiosas devem ser pensadas sempre em caráter plural, multiperspectivado e é essa justamente a crítica que faço a muitos LDs que ainda assumem uma abordagem linear e uníssona para a história dos cristianismos, o que também é endossado por muitos, infelizmente.

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  2. Boa tarde! Parabéns pelo texto. Concordo que os professores deveriam se preocupar menos em esgotar conteúdos e mais em formar alunos críticos e conscientes de sua cidadania. Minha pergunta: em tempos de ensino remoto, como podemos viabilizar isso?

    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Bom dia, Ana

      Em tempos de distanciamento social, de fato, precisamos nos 'reinventar'! Mais do que antes, penso que precisamos aprofundar nossos conhecimentos sobre as plataformas digitais para viabilizar a interação com os estudantes. A aula de História deve estar alicerçada no diálogo e não na enunciação (discurso pronto e acabado). Isso exige de nós disposição para interagir por meio de ferramentas tecnológicas. Eu sei que não atingimos todos os alunos, uma vez que nem todos têm acesso a tais recursos, no entanto mostrar-se à disposição para o diálogo (até pelas redes sociais) é uma forma de promover a educação e, consequentemente, a transformação, fim último de nossos esforços. Gravar aulas infelizmente é uma triste realidade! Além disso, no tocante a discussão de temas sobre o cristianismo, diversos docentes disponibilizaram suas reflexões em canais do youtube, instagram e até facebook, menciono três grandes especialistas: André Chevitarese, quem estimulou os estudos sobre cristianismo antigo no Brasil; Juliana Cavalcanti, que trabalha com mulheres no cristianismo antigo e Daniel Justi, importante para pensar o homem divino na Antiguidade, entre outros temas. Além de muitos que pensam o ensino de História, como Pedro Paulo Funari, Guilherme Moerbeck (que falou comigo há pouco), entre muitos outros que disponibilizaram seus vídeos em seus canais. Enfim, há um material muito bom e de qualidade produzido ao longo da pandemia, de que você pode fazer uso. Em minhas aulas, tenho indicado muitos recursos audiovisuais, graças ao grande esforço dos colegas na socialização dos conhecimentos. Permita-me indicar nosso canal do Youtube: LABHAM-UFPI. Abraços!

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  3. Olá, boa tarde. Antes de tudo, gostaria de parabenizá-lo pelo texto. Gostaria também de saber acerca dos que fazem a "História" nos LDs. Como podemos conciliar um bom uso dos livros, com tão pouco tempo em sala e com tanta cobrança com conhecimentos em provas e vestibulares? Como ensinar de maneira efetiva aos alunos a análise crítica, o posicionamento histórico se o que lhes é constantemente cobrado são resultados quantitativos? Como podemos, em 2 aulas semanais, ensinarmos os conteúdos de forma eficaz, mas além disso os ensinar a como colocar os conhecimentos obtidos em resultados das provas?

    Desde já, obrigada pela atenção.

    Crislli Vieira Alves Bezerra

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    1. Bom dia, Crislli

      Compartilho integralmente de suas angústias. Ministrei aulas de História em Franca/SP na rede estadual por cinco anos e reconheço as dificuldades. Tentarei responder às questões, ok? O LD, a meu ver, representa apenas um recurso de que o professor pode fazer uso em sala de aula. Somos nós que 'escrevemos' as nossas aulas; isto é, nós é que somos autores e gerenciamos as situações de aprendizagem que elaboramos aos estudantes, conforme suas necessidades educacionais. Como sabemos, nossas aulas não estão prontas no LD! Romper com o ensino instrucional e conteudista, de fato, é um desafio, mas não é impossível, pois nada impede de o docente analisar uma fonte histórica, após fazer uma breve síntese das circunstâncias históricas que cercam o documento, viabilizando a leitura crítica. Eu me preocupo com um ensino de História sem o diálogo com as fontes, porque me questiono sobre a função social da história nos currículos. Nossa disciplina é muito importante! Junto às outras humanidades, mostramos aos alunos os jogos de poder que muitas vezes nos aprisionam e a forma como nossa sociedade foi forjada, além de sempre se reportar ao 'outro' (alteridade) e às diferentes possibilidades ou projeto de vida de modo respeitoso e acolhedor. Agradeço pela pergunta estou à disposição. Abraços

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  4. Primeiramente, parabéns pelo texto. Gostaria de saber o que o professor pensa da introdução do tema "magia cristã antiga" junto às correntes dogmáticas cristãs antigas que menciona no texto, como uma forma de instigar os estudantes a repensarem suas posições sobre os próprios cristianismos. Uma vez que as religiões cristãs hoje, conforme professadas no Brasil, rechaçam qualquer ideia de magia, a simples ideia de que os cristianismos possam ter albergado práticas mágicas pode desnaturalizar a ideia de que "foi sempre assim".
    Muito obrigado!
    Victor Braga Gurgel

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    1. Bom dia, Victor

      Grato pela pergunta! Inicialmente recomendo duas leituras: 1. Robert Conner. Jesus, the sourcerer e 2. CHEVITARESE, André; CAVALCANTI, Juliana B.; MARIA, Tayná Louise de. Ressurreição: recepções na literatura e na cultura material antigas cristãs. RJ: Klíne, 2020.
      O Prof. Chevitarese nosinforma que, na cultura material, há muitas imagens de Jesus com uma varinha ressuscitando Lázaro, o que é uma excelente oportunidade para pensar a categoria 'homem divino' na Antiguidade e forma como as biografias sobre Jesus foram construídas. Já para fins práticos, no cotidiano, podemos refletir sobre diferentes situações: a prática do uso da Bíblia aberta num salmo poderoso para proteger o lar; um crucifixo na porta para espantar maus espíritos, etc. spero tê-lo ajudado.Abraços,

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  5. Boa tarde! Parabéns pelo texto professor Petrúcio. Corroborando com o que escreveu a colega Ana Paula em seu comentário, eu
    tambem concordo que os professores deveriam se preocupar menos em esgotar conteúdos e mais em formar alunos críticos e conscientes de sua cidadania. Mas, penso que está ficando cada vez mais difícil conseguir alcançar esse objetivo devido a sermos bastante podados pelas instituições de ensino. Minha pergunta: como promover aulas interativas e reflexivas em meio a um período tão desafiador para os profissionais na área das humanidades?

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    1. Bom dia, Gizeli

      Concordo! São tempos difíceis, momento em que somos, muitas vezes, mal interpretados, mas não nos esqueçamos do que é essencial: somos profissionais, historiadores. Nossas aulas estão amparadas por discussões acadêmicas que nos remetem a pesquisas sérias e respeitadas nacional e internacionalmente. Desde que esclareçamos os aportes teórico-metodológicos de que fazemos uso para abordar diferentes temas, sobretudo os cristianismos, estaremos respaldados pela ciência. (Discordo apenas de profissionais que em vez de argumentar, julgam, desqualificam ou inferiorizam pessoas ou ideias; isso é lamentável!) Nosso papel como educadores é justamente oportunizar que que os estudantes reflitam para além do senso comum, ampliem sua visão de mundo ou perspectivas sobre a vida. Espero ter respondido à pergunta; agradeço pelo comentário. Abraços,

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  6. Boa noite! Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo excelente texto, de fato é falar sobre cristianismos em um país onde a crença ortodoxa prevalece é bastante pertinente e desafiador. Minha pergunta: como o livro didático está inserido desde a sua produção numa rede de poder e de interesses, gostaria de saber o que o senhor pensa a respeito das intencionalidades por parte das editoras em propagar esse discurso cristão uníssono, o senhor acha que elas sofrem pressão por parte das instâncias governamentais?

    Verônica Lima de Carvalho

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    1. Bom dia, Verônica

      Você mencionou um tema polêmico, mas instigante! Penso que os LDs sofrem a influência de diversos setores sociais: as políticas públicas educacionais (por meio da produção de propostas curriculares nacionais e órgãos de fiscalização das produções didáticas como o PNLD) e o perfil das categorias que ocupam espaços de poder, os movimentos sociais e suas demandas, a cultura religiosa brasileira que interfere na forma como determinadas temas são abordados, haja vista a pressão dos pais acerca do que é ensinado, entre outros. Assim, a narrativa histórica escolar, presente nos LDs, resulta da negociação de todos estes componentes; talvez isso explique o motivo pelo qual tais produções resistem em fazer mudanças em seus conteúdos e abordagens ou fazem-nas apenas quando declaradamente são autorizados pelas instâncias de poder a fazê-las. Grato pela oportunidade de reflexão.

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  7. Olá profº José, que texto interessante! Sou professora de educação básica e sinto que os alunos tem muitas dificuldades no estudo da história antiga, por exemplo,como Egito Antigo. No entanto, assim como mencionado no texto, eu descobri que falar por exemplo da bíblia na parte dos egípcios fazia com que os alunos acessassem as suas memórias familiares e assim conseguissem fazer uma relação com o passado do egito antigo. Eu particularmente, tenho dificuldades de fazer com que esse passado distante faça sentido para os alunos, mas lendo seu texto tenho certeza que agora muitas ideias me vieram no pensamento. Minha pergunta vai no sentido da Veronica e Gizeli: como promover uma aula significativa de história antiga em meio as pressões instrucionais ou ainda curriculares ? Você acredita que a tecnologia pode contribuir para potencializar as aulas de história antiga? Abraços - Bruna Marino Rodrigues

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    1. Bom dia, Bruna

      Iniciar a aula de História pelo que é familiar aos alunos ou pelo diagnóstico da(s) forma(s) como eles atribuem sentido ao passado, considerando suas vivências ou campo de experiências, é uma excelente estratégia para compor as demais situações de aprendizagem, na medida em que nós, professores, não devemos ficar no plano do já-conhecido, do já-dito ou do senso comum. Partir do que já sabem, para construir conhecimentos novos abordando os temas por outros ângulos e a partir de outras informações é, a meu ver, fundamental. Eu sempre digo que o uso de fontes históricas para exercitar o pensamento histórico é elementar. Hoje, os LDs registram uma variedade de trechos de fontes escritas, iconografias, artefatos arqueológicos que podem estabelecer propositivos diálogos sobre o passado. Poucos professores fazem uso desse rico repositório de fontes que os LDs carregam. Além disso, a pandemia possibilitou que muitos materiais fossem produzidos em forma de vídeo-aula, podcasts, webquest, entre outros. Particularmente, gosto muito da webquest; é assim que tenho estimulado os estudantes da educação básica de Picos/Piauí. Enfim, precisamos fazer uso destas plataformas digitais para motivar a construção de conhecimentos. Sobre o Egito e a Bíblia no 6 ano do fundamental, lembrei do brilhante trabalho da professora Raquel dos Santos Funari, vale a pena procurar por seus trabalhos ou assistir a suas palestras, disponível no Youtube. Ela compartilha metodologias de ensino de história antiga para esta etapa escolar. Enfim, é o momento de aprendermos uns com os outros para cumprirmos nossa nobre responsabilidade social. Grato por sua pergunta, abraços.

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  8. Bom dia, Bruna

    Iniciar a aula de História pelo que é familiar aos alunos ou pelo diagnóstico da(s) forma(s) como eles atribuem sentido ao passado, considerando suas vivências ou campo de experiências, é uma excelente estratégia para compor as demais situações de aprendizagem, na medida em que nós, professores, não devemos ficar no plano do já-conhecido, do já-dito ou do senso comum. Partir do que já sabem, para construir conhecimentos novos abordando os temas por outros ângulos e a partir de outras informações é, a meu ver, fundamental. Eu sempre digo que o uso de fontes históricas para exercitar o pensamento histórico é elementar. Hoje, os LDs registram uma variedade de trechos de fontes escritas, iconografias, artefatos arqueológicos que podem estabelecer propositivos diálogos sobre o passado. Poucos professores fazem uso desse rico repositório de fontes que os LDs carregam. Além disso, a pandemia possibilitou que muitos materiais fossem produzidos em forma de vídeo-aula, podcasts, webquest, entre outros. Particularmente, gosto muito da webquest; é assim que tenho estimulado os estudantes da educação básica de Picos/Piauí. Enfim, precisamos fazer uso destas plataformas digitais para motivar a construção de conhecimentos. Sobre o Egito e a Bíblia no 6 ano do fundamental, lembrei do brilhante trabalho da professora Raquel dos Santos Funari, vale a pena procurar por seus trabalhos ou assistir a suas palestras, disponível no Youtube. Ela compartilha metodologias de ensino de história antiga para esta etapa escolar. Enfim, é o momento de aprendermos uns com os outros para cumprirmos nossa nobre responsabilidade social. Grato por sua pergunta, abraços.

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  9. Boa tarde! É um ótimo texto, que traz discussões voltadas de como deve ser ensinado a História. Com conceitos e argumentos que levem o aluno ter um conhecimento reflexivo-crítico do assunto histórico abordado. Mas para trabalharmos com essa visão, de chamar a religião cristã de mitologia é um desafio que exige do profissional em saber tratar em aula para não gerar polêmica.

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    1. Boa tarde, Bruno

      Precisamos ser cuidadosos, como você mesmo sinalizou. As experiências religiosas, assim como as demais experiências humanas e suas produções são estudadas/interpretadas à luz de conceitos, que atuam como chaves de leitura. Por isso, recomendo que deixe claro a seus alunos a noção de mito e religião de que faz uso para, a partir dos conceitos, pensar nas diferentes manifestações culturais. Esta também é uma oportunidade de fazer com que o aluno desconstrua a noção de mito como sinônimo de mentira, engodo, falsidade etc e o veja como um conceito útil para entender características de um tipo de discurso muito importante no campo da História. Grato pela questão!

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  10. Boa noite. Excelente texto, professor! Enquanto educadores suas análises nos instiga a refletir sobre os efeitos dessas relações de poder, a partir dessas narrativas produzidas, na construção do conhecimento escolar. Dado isso, gostaria de saber a sua opinião acerca de como podemos, enquanto pesquisadores e professores da rede de ensino, trabalhar os cristianismos em sala de aula, haja visto que estamos inseridos num contexto que não prioriza essa pluralidade do movimento cristão?

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    1. Boa tarde, Jaqueline

      Bom vê-la por aqui. Estava com saudades! Nós professores, historiadores, educadores, somos a resistência! Longe de desqualificar as religiões cristãs, o estudo dos cristianismos, no campo da História, visa não só ampliar o nosso olhar sobre os fenômenos religiosos, mas também respeitar o direito que as pessoas têm em defender sua interpretação sobre o sagrado. O estudo da História mostra aos alunos um mundo plural, dinâmico, efêmero e, ao se dar conta de quão diferentes somos, ensinamos os jovens a, no limite, não usar armas letais para ferir outras apenas por pensar diferente delas! O mundo precisa das Humanidades e nós assumimos essa responsabilidade. Abraços.

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  11. Boa noite professor! Adorei o texto! Concordo que o objetivo da disciplina é ensinar os jovens a pensarem historicamente. Gostaria de saber de que forma podemos despertar o interesse dos alunos a respeito do tema sem perpetuar os métodos tradicionais (onde o professor se porta como um “fiscal do ensino” como foi dito no texto.) em tempos de ensino a distância e sobrecarga de trabalho para professores, onde esse método acaba sendo o mais utilizado por sua “praticidade”

    Bruna Luíza da Silva Matos

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    1. Boa tarde, Bruna

      A meu ver, precisamos parar de encontrar justificativas para perpetuar o ensino conteudista ou meramente instrucional. A literatura sobre o ensino de história recomenda que o professor ofereça informações importantes sobre as circunstâncias sócio-político-culturais do tema estudado, mas não se limite a isso: ou seja, o docente precisa estabelecer um diálogo com os alunos por meio de fontes históricas (preferencialmente trechos curtos, de fácil leitura para o tempo de aula que temos), tais como: registros escritos, mapas, imagens, cultura material, recursos audiovisuais (trechos de filmes, por exemplo), entre outros. Quando pararmos de justificar ações tradicionais no ensino, esforçar-nos-emos para implementar uma educação pelo diálogo, pela construção colaborativa de conhecimentos, pela interação e não pelo monólogo. Isso não anula a árdua luta pela valorização dos docentes no Brasil, mas uma não pode ser justificativa para manutenção de uma concepção de educação do séc. XIX que se tornou obsoleta. Abraços!

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  12. Boa Noite Professor! Muito bom o texto. O senhor falou sobre religiões, bem ao serem inferiores elas São dadas como mitos pela maioria das pessoas por causa de religiões mais populares que temos na historia pelo fato de serem extraordinarias demais ou "merabolantes", olhando isso vemos anos de imposição de ideias opressoras e descriminam as demais religiões menos conhecidas... Qual forma metodologica poderia ser aplicada, para poder reverter ideias religiosas descriminadoras?

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  13. Eu mesmo não conhecia esta história do cristianismo que você trouxe neste artigo, seria sem dúvida uma abordagem mais interessante e complexa como é a vida, com suas disputas sociais, políticas e econômicas. Sobre como reflexir essa abordagem dentro da sala de aula sem dúvida vivemos uma tensão permanente, por um lado os vestibulares e o ENEM reproduzem a lógica conteudista em detrimento do pensar o presente e o passado de forma histórica, construída em meio a disputas, mas sem dúvida tenho pleno acordo com você que o melhor que podemos fazer por nossos alunos é ajuda-los a refletir de forma crítica o mundo.

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  14. Desculpe estou publicando novamente, pois esqueci de assinar o comentário anteriormente.

    Eu mesmo não conhecia esta história do cristianismo que você trouxe neste artigo, seria sem dúvida uma abordagem mais interessante e complexa como é a vida, com suas disputas sociais, políticas e econômicas. Sobre como reflexir essa abordagem dentro da sala de aula sem dúvida vivemos uma tensão permanente, por um lado os vestibulares e o ENEM reproduzem a lógica conteudista em detrimento do pensar o presente e o passado de forma histórica, construída em meio a disputas, mas sem dúvida tenho pleno acordo com você que o melhor que podemos fazer por nossos alunos é ajuda-los a refletir de forma crítica o mundo.

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  15. Gleidson Fernando Rocha dos Santos27 de maio de 2021 às 16:07

    Me perdoe. agora sim com a assinatura.

    Eu mesmo não conhecia esta história do cristianismo que você trouxe neste artigo, seria sem dúvida uma abordagem mais interessante e complexa como é a vida, com suas disputas sociais, políticas e econômicas. Sobre como reflexir essa abordagem dentro da sala de aula sem dúvida vivemos uma tensão permanente, por um lado os vestibulares e o ENEM reproduzem a lógica conteudista em detrimento do pensar o presente e o passado de forma histórica, construída em meio a disputas, mas sem dúvida tenho pleno acordo com você que o melhor que podemos fazer por nossos alunos é ajuda-los a refletir de forma crítica o mundo.

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  16. Boa tarde professor
    Adorei o seu texto, principalmente a parte que o texto relatar em que as dissensões entre as comunidades cristã resultaram na necessidade de intervenção imperial a minha pergunta, é como devemos ensinar é debater certos assuntos sem sermos mal compreendido ou até mesmo evitar, polêmicas no requisito da religião que o senhor aborda no texto ?

    Ana Cecília Moreira Queiroz

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    1. Boa tarde, Ana
      Repetirei parte da resposta que produzi para Jaqueline e Bruno:

      1. Nós professores, historiadores, educadores, somos a resistência! Longe de desqualificar as religiões cristãs, o estudo dos cristianismos, no campo da História, visa não só ampliar o nosso olhar sobre os fenômenos religiosos, mas também respeitar o direito que as pessoas têm em defender sua interpretação sobre o sagrado. O estudo da História mostra aos alunos um mundo plural, dinâmico, efêmero e, ao se dar conta de quão diferentes somos, ensinamos os jovens a, no limite, não usar armas letais para ferir outras apenas por pensar diferente delas! O mundo precisa das Humanidades e nós assumimos essa responsabilidade.

      2. Precisamos ser cuidadosos, como você mesmo sinalizou. As experiências religiosas, assim como as demais experiências humanas e suas produções são estudadas/interpretadas à luz de conceitos, que atuam como chaves de leitura. Por isso, recomendo que deixe claro a seus alunos a noção de mito e religião de que faz uso para, a partir dos conceitos, pensar nas diferentes manifestações culturais. Esta também é uma oportunidade de fazer com que o aluno desconstrua a noção de mito como sinônimo de mentira, engodo, falsidade etc e o veja como um conceito útil para entender características de um tipo de discurso muito importante no campo da História.

      Espero ter contribuído com suas indagações.

      abraços,

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  17. Você pontua um ponto que é o livro didático e que muitos professores se apoiam nele, porém, muitos professores deixam de trabalhar ele por deixarem lacunas. A História Antiga, sendo um assunto extenso, para que o aluno compreenda e faça suas criticas, como podemos trabalhar esse conteúdo principalmente sobre a religião desde período?
    Juan Pimentel da Silva.

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  18. "As aulas de História também incomodam quem não está inclinado a indagar suas próprias crenças/convicções, provavelmente porque tais narrativas beneficiam os grupos que as alimentam e disseminam." Minha pergunta é a seguinte tendo em vista a formação de uma consciência histórica crítica no aluno, como o ensino de historia antiga no Barsil tem se adaptado a constante desvalorização?e como você enquanto pesquisador percebe a influência das outras consciencias como a tradicional, a genética, exemplar e crítica no ensino de hiatoria antiga.

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  19. Olá, José! Parabéns pelo seu trabalho e por ter compartilhado ele conosco mesmo na situação lamentável que enfrentamos, espero que você esteja bem.

    No decorrer do seu texto você nos relata a variedade de cristianismos e como essa multiplicidade muitas vezes é negligenciada nos livros didáticos e nas aulas. Diante dessa visão gostaria de saber se você considera a História Comparada um método apropriado/indicado para facilitar o pensar historiográfico e criticidade das/es/os discentes?

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  20. Gabriela Maria Teodósio27 de maio de 2021 às 22:38

    Olá, José! Parabéns pelo seu trabalho e por ter compartilhado ele conosco mesmo na situação lamentável que enfrentamos, espero que você esteja bem.

    No decorrer do seu texto você nos relata a variedade de cristianismos e como essa multiplicidade muitas vezes é negligenciada nos livros didáticos e nas aulas. Diante dessa visão gostaria de saber se você considera a História Comparada um método apropriado/indicado para facilitar o pensar historiográfico e criticidade das/es/os discentes?

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