O ENSINO DO EGITO ANTIGO NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
O ensino da disciplina História na educação básica, tem sido alvo
de estudos e discussões nos últimos anos desde o seu retorno ao currículo.
Conforme demonstrado por Forquin (1993), a cultura escolar tem uma grande
dificuldade em aceitar as novas pesquisas, discussões e principalmente as novas
metodologias de ensino. Os Parâmetros Curriculares Nacionais ilustram esse
conflito, ao exemplificar as tensões existentes entre a modernidade e a
permanência que permeiam o ambiente escolar: “A escola vive hoje contradições fundamentais.
Seus agentes lutam simultaneamente por mudanças e pela manutenção de tradições
escolares” (BRASIL, 1998, p.29).
No ensino de história, Guimarães (2014) corrobora com esse
pensamento ao demonstrar como o ensino dessa disciplina no ensino fundamental
se encontra muitas vezes pautado no positivismo, priorizando às grandes figuras
da história, tendo uma preocupação excessiva com a memorização dos fatos e uma
abordagem de uso de fontes históricas exclusivamente com os documentos do
governo, dados como fontes oficiais. Ainda que a academia já esteja dando
ênfase ao estudo com diversidade de fontes históricas, intercambiando as
pesquisas com outras áreas de conhecimento e tendo outras abordagens, esse
conhecimento encontra a barreira da cultura escolar e não consegue transpor
facilmente esses muros. Alguns fatores levantados para essa questão são de
acordo com Mizukami (2010) a falta de formação continuada ofertada aos
professores e a dificuldade que o professor da educação básica tem de ser além
professor, também um pesquisador.
“Muitas fontes históricas antigas passaram por um método de
análise e a escola básica muitas vezes não tem muito acesso a essa
característica que é riquíssima dentro das tradições historiográficas. Para
melhor adequação ao ensino das salas de aula do ensino fundamental os autores
dos livros didáticos e os professores completam as interpretações das fontes em
imagens” (COSTA, 2020, p.98)
O aluno como abordado por Rocha (2012), Guimarães (2014) e
Bittencourt (2018) tem dificuldade em sentir-se parte integrante da História. A
História muitas vezes apresentada apenas com grandes personagens políticos se
torna muito distante da realidade dos alunos e esse distanciamento com a
disciplina faz com que eles não se enxerguem como sujeitos históricos. Dessa
forma, acaba-se perpetuando a ideia de que a história em nada acrescenta e que
não vale a pena ser estudada (FONSECA, 2009).
Esse distanciamento com a disciplina não é exclusividade do ensino
da Antiguidade na educação básica, ela existe até mesmo quando trabalhamos com
o tempo presente. No entanto, quando tratamos da Antiguidade, torna-se ainda
mais complexo desenvolver essa consciência no aluno como sujeito histórico por
se tratar de uma temporalidade que muitas vezes o 6º ano têm dificuldade de
assimilar. Dessa forma busca-se desenvolver a consciência histórica realizando
conexões entre a História Antiga e a vida cotidiana do aluno, mostrando as
mudanças e permanências de hábitos nas sociedades tornando-se uma importante
forma de aproximação com a disciplina.
“A consciência histórica leva o aluno a fazer relações com o tempo
em seu cotidiano, essa atividade é extremamente complexa, por isso é tão
importante o discente transformar o conhecimento histórico em algo didático. A
História é uma disciplina de interpretação, por isso é fundamental o professor
inovar e fazer conexões entre o conhecimento histórico, vida prática e
aprendizado” (GROCHOSKI; STRONA, 2020, p.103)
Dessa maneira, ao trabalharmos o Egito Antigo é essencial o enfoque
na vida cotidiana. Pois como demonstrado por Bittencourt (2018), Guimarães
(2014) e Abud (2007) essa abordagem busca trazer a aproximação necessária para
criar significado na aprendizagem para o educando.
“Muitas reflexões inerentes à pesquisa histórica são
significativas para o ensino na escola fundamental. As abordagens teóricas que
problematizam a realidade social e identificam a participação ativa de pessoas
comuns na construção da História nas suas resistências, divergência de valores
e práticas, reelaboração da cultura instigam, por exemplo, propostas e métodos
de ensino que valorizam os alunos como protagonistas da realidade social e da
História e sujeitos ativos no processo de aprendizagem” (BRASIL, 1998, p.33)
O tempo destinado em sala de aula para trabalhar com o conteúdo do
Egito Antigo foram doze aulas divididas dentro de um mês, acontecendo três
vezes na semana. Durante as três primeiras o objetivo foi a contextualização
histórica, assim a abordagem foi feita em aulas expositivas e dialogadas com o
objetivo de situar e descobrir o conhecimento que os alunos traziam sobre o
tema. Nesse momento, eles trouxeram suas vivências, contando dos filmes que já
haviam assistido, novelas, jogos que já haviam jogado e sua experiência
religiosa com o assunto.
A abordagem utilizada para esse momento foi a educação da pergunta
(FREIRE, 2013), estimulando a criatividade e a curiosidade, trazendo dúvidas e
questionamentos sobre o conhecimento prévio que os alunos já possuíam devido a
sua experiência de “ser-estar” no mundo. Buscou-se dessa forma estabelecer
sentido naquele conteúdo que estava sendo trabalhado, como forma de incentivar
o aluno a se enxergar como sujeito histórico.
“A aprendizagem Histórica implica na construção de sentidos,
que ocorrem quando o aluno tem contato com a experiência do tempo e para que
isso aconteça o professor deve fazer essas aproximações através de exemplos e
atividades práticas, criando, deste modo, competências para que o aluno venha a
se perceber também com um sujeito histórico” (GROCHOSKI; STRONA, 2020, p.106)
Na segunda aula da semana realizou-se um exercício do livro
didático que trazia duas imagens da rainha Cleópatra: uma era a da atriz
Elizabeth Taylor no filme Cleópatra e a outra era feita por cientistas
de como seria a real face da rainha. Desse exercício, pontos da lei 10.639/03
puderam ser explanados assim como o racismo. Através de uma abordagem do tema
de uma perspectiva Freiriana, a professora buscou trazer “consciência-mundo”
para os alunos, despertando uma tomada de consciência política e social ao
instigar a reflexão sobre quantas vezes tinham visto o Egito ser retratado na
mídia de maneira eurocêntrica (FREIRE, 2013). Dessa aula, diversos pontos foram
observados e desmistificados. Os tópicos principais levantados nesse exercício
foram: a África como um continente diverso, a existência de países que tem como
idioma a Língua Portuguesa e o conhecimento de que o Egito fazia parte da
África. Essa dicotomia existente entre a África e Egito no imaginário popular
se deve em “Grande parte das leituras elaboradas sobre o antigo Egito foi
fissurada por disputas narrativas e, principalmente, pela negação da
africanidade dessa civilização, marcadamente a partir do século XVIII” (OLIVA,
2017, p.2). No imaginário dos alunos, muitos acreditavam que o Egito era uma
ilha, outros achavam que “ficava perto dos países que tinham guerras”,
referindo-se ao Oriente Médio e alguns nunca nem tinham se questionado sobre
onde estaria situado geograficamente o Egito.
Durante a terceira aula da semana foi abordada a questão
relacionada ao idioma falado, pois, alguns alunos acreditavam que era inglês ou
português. Uma das alunas disse que acreditava não ser esses idiomas devido ao
filme “A Múmia” de 2017 que trazia a personagem Ahmanet falando com palavras
que não soavam parecidas com nenhum desses dois idiomas. Essa crença de inglês
como língua nativa de todas as civilizações se deve a maioria dos filmes que os
alunos têm contato serem produções hollywoodianas (OLIVA, 2017) ou mais
recentemente, novelas da Record que trazem em suas produções culturais um Egito
totalmente branco e no nosso idioma.
“Uma das escolhas pedagógicas possíveis, nessa linha, é o trabalho
favorecendo a construção, pelo aluno, de noções de diferença, semelhança,
transformação e permanência. Essas são noções que auxiliam na identificação e
na distinção do eu, do outro e do nós no tempo; das práticas e valores
particulares de indivíduos ou grupos e dos valores que são coletivos em uma
época” (BRASIL, 1998, p.34)
Na segunda semana, a professora conseguiu reservar o laboratório
de informática por todas as aulas. Com isto, os alunos foram divididos em
grupos de cinco a seis pessoas para pesquisarem sobre os seguintes temas: Grupo
1 - aspectos religiosos, vida além-túmulo, tribunal de Osíris; Grupo 2 -
aspectos culturais, roupas, tecidos, maquiagem, adornos, penteados; Grupo 3 -
aspectos culturais, danças, músicas; Grupo 4 - aspectos políticos, faraós e
dinastias; Grupo 5 - aspectos religiosos, Mumificação e Pirâmides; Grupo 6 -
Aspectos econômicos; Grupo 7 - aspectos sociais e vida cotidiana.
É importante salientar que nesse momento muitos grupos fizeram uso
das fontes visuais, anotando as cores que observavam nas imagens, copiando
modelos das roupas e observando o formato dos cabelos e acessórios que
costumavam utilizar desenhando nos cadernos o que observavam.
Uma das grandes questões dessa turma era o baixo nível de
alfabetização. Dessa forma, a utilização das imagens, expressões artísticas e
vídeos foram amplamente trabalhados com os alunos no intuito de não ficar preso
apenas ao uso das fontes escritas. Corroboramos com Knauss (2012, p.47) quando
afirma que “No caso da história, ler não implica apenas textos narrativos, mas
igualmente outros tantos testemunhos da época, como mapas, iconografia e
expressões artísticas em geral” e um dos objetivos traçados para esse conteúdo
foi exatamente nesse sentido, de trabalhar com diversas fontes historiográficas
para que o aluno não se restringisse apenas às fontes tradicionais de ensino.
“As pesquisas históricas desenvolvidas a partir de
diversidade de documentos e da multiplicidade de linguagens têm aberto portas
para o educador explorar diferentes fontes de informação como material didático
e desenvolver métodos de ensino que, no tocante ao aluno, favorecem a
aprendizagem de procedimentos de pesquisa, análise, confrontação, interpretação
e organização de conhecimentos históricos escolares. Essas são experiências e
vivências importantes para os estudantes distinguirem o que é realidade e o que
é representação, refletirem sobre a especificidade das formas de representação
e comunicação utilizadas hoje e em outros tempos e aprenderem a extrair
informações de documentos (das suas formas e conteúdos) para o estudo, a
reflexão e a compreensão de realidades sociais e culturais” (BRASIL, 1998, p.
33-34)
Na terceira aula da semana, cada grupo apresentou o que tinha
pesquisado para a turma e uma aluna levantou a questão de Cleópatra não ser
preta como a imagem abordada no exercício da primeira semana. De acordo com a
análise feita pela aluna, com a miscigenação de Cleópatra ela concluiu que a
rainha seria considerada “morena” no nosso tempo. Essa fala da aluna gerou um
debate sobre o que é ser preto, pardo, negro e um reconhecimento e
pertencimento nos próprios alunos da sua etnia.
Continuando a apresentação das pesquisas, o grupo responsável pela
mumificação trouxe várias informações que aguçaram a curiosidade da turma e
sugeriram ensinar seus colegas o passo a passo de como uma pessoa era
mumificada no Egito Antigo. A professora concordou com a ideia e dessa forma
ficou combinado que uma aula da semana seguinte seria feita essa atividade.
A primeira aula da última semana foi a construção dos materiais
que seriam utilizados na Mumificação. Os alunos estavam extremamente empolgados
e o número de material entregue foi tão grande que a professora deixou
reservado o que sobrou para a apresentação da peça. O objetivo da criação dos materiais
utilizados pelos próprios alunos está no sentido de gerar pertencimento com o
que está sendo feito e realizado em sala de aluna “O grande ganho com a prática
de produção de materiais didáticos está em criar um elo explicativo dos temas
abordados na disciplina de história.” (LIA; COSTA; MONTEIRO, 2013, p.43)
Os alunos responsáveis pelos vasos canopos trouxeram caixas de sapato
e papel cartão preto para encapar as caixas e colar as imagens em cima,
simulando um vaso. Já outro grupo trouxe lençóis e começaram a cortar em
faixas. Esse momento de construção dos materiais que serviram tanto para a aula
prática na sala quanto para a peça foi de extrema importância para sua
aprendizagem e aproximação do conteúdo uma vez que é “Importante despertar a
afetividade do aluno para com o objeto produzido, este tem significado por ter
passado pela compreensão de um tema estudado e foi confeccionado pelo
estudante, que passa a vê-lo como algo seu, no sentido da produção e da difusão
do conhecimento histórico. O aluno torna-se produtor e difusor de um
determinado aprendizado; possui um artefato cultural construído por ele e sobre
o qual é capaz de historicizar” (LIA; COSTA; MONTEIRO, 2013, p.45).
Na segunda aula da semana, os alunos buscaram na sala de projetos
os materiais feitos anteriormente e o grupo responsável pela condução da
mumificação explicou à turma o que deveriam fazer nos colegas. A organização
levou a maior parte do tempo da aula, pois mais de um aluno queria ser
mumificado e não havia tempo hábil para que todos pudessem participar. Os
alunos resolveram essa querela em um jogo de zerinho ou um. Em seguida,
organizaram as mesas que colocariam os alunos deitados que seriam mumificados e
deram início a atividade “Quanto ao método utilizado este é lúdico e trabalha
com a criatividade dos alunos e estímulo ao aprendizado por meio de atividade
prática, pois os alunos deveriam evitar cometer anacronismo e representar
cenários e/ou classes sociais do antigo Egito, buscando relação presente e
passado com base nas orientações e explicações da historicidade do Egito em
sala de aula” (GROCHOSKI; STRONA, 2020, p.104).
As últimas aulas sobre o tema foram reservadas a trabalhar alguns
pontos que deveriam ser esclarecidos com os alunos. A primeira aula da semana
foi dedicada à vestimenta dos egípcios, alguns alunos tinham desenhado em seus
cadernos como eram as roupas e tinham anotado o tecido que era usado. Como
muitos não conheciam um tecido natural de linho a docente levou uma blusa de
linho e uma de seda para eles visualizarem um tecido totalmente feito com fios
naturais. Ela pediu para os alunos encostarem nos tecidos, que percebessem a diferença
dos dois e que devido ao linho ser um tecido muito caro por ser natural, as
roupas do dia a dia eram confeccionadas em tecidos diferente por serem mais
baratos que o linho, mas lembrou que naquela época eles não tinham essa opção
por ainda não ter sido inventado o poliéster, material sintético que compunha
seus uniformes escolares “Como percebemos a vestimenta também possibilita o
conhecimento histórico, pois os objetos são em muitas culturas uma extensão do
próprio corpo e trazem consigo uma teia de significados e representações
sociais, econômicas, políticas e culturais. Sendo assim, é de grande relevância
o aluno perceber a historicidade presente nos objetos, cenários e roupas
históricas, pois são a representação de sociedades do passado dotadas de
sentimentos e significados históricos e isso permite ao aluno um maior contato
com o fato histórico” (GROCHOSKI; STRONA, 2020, p.107)
Na última aula o tema foi relações de trabalho e a construção das
pirâmides. Devido à grande mídia e teorias da conspiração instigarem a ideia da
construção por extraterrestres não só no Egito, mas em diversos povos da
antiguidade, muitos alunos traziam a ideia de que era impossível “gente que não
tinha nem computador” ter erigido esses monumentos. A professora esclareceu
alguns pontos como, por exemplo, que o alinhamento com as estrelas não era um
sinal de localização para os extraterrestres. Explicou também que os egípcios
tinham um grande conhecimento de astronomia e matemática e pensar que apenas o
homem moderno teria capacidade de construir obras complexas era uma forma de
desmerecer o conhecimento que os povos antigos tinham, as técnicas que
desenvolveram e as conquistas que alcançaram.
Conclusão
O trabalho aqui descrito teve o intuito de apresentar como a
disciplina de história trabalhou o tema Egito Antigo em consonância com os PCNs
e com as novas pesquisas referentes ao ensino de História. Apesar de muitos
pontos ainda terem permanecido enevoados e alguns estereótipos terem sido
mantidos, muitos avanços nas discussões referentes à lei 10.639/2003 puderam
ser trazidos e trabalhados em sala de aula. Podemos afirmar que o trabalho em
equipe dos alunos gerou uma aproximação e pertencimento da turma com a
disciplina e, utilizando do conceito de Luckesi (2014), que enxerga a avaliação
como uma parceira para analisar se os objetivos traçados foram alcançados,
podemos perceber resultados satisfatórios. Os alunos que não tiveram um bom
desempenho durante o ano, nesse momento tiveram seus saberes e competências
valorizados validando a importância da diversificação dos instrumentos
avaliativos.
Com a finalização e avaliação dos resultados, surgiu uma interessante
situação que não foi considerada no momento da concepção da proposta: alunos
que, quando avaliados de forma tradicional, apresentavam bons resultados
tiveram dificuldades em dialogar com as ferramentas propostas. O fato de que
durante o mês de aulas eles não tiveram conteúdos conceituais e factuais que
exigiam memorização deixou-os perdidos em sua percepção de ensino e escola. Uma
aluna chegou inclusive a afirmar “que tinha um bom tempo que não tinha aula”. O
fato de a avaliação ter sido feita de maneira contínua, observando o
desenvolvimento dos alunos nas discussões do projeto e não seu resultado em uma
prova provocou ainda mais estranhamento. Essa situação abre um leque de
possibilidades e pesquisas que podem vir a ser discutidas em trabalhos futuros
ou por outros pesquisadores.
Referência biográfica
Jayza Monteiro Almeida é mestra em Ensino na Educação Básica pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Professora EBTT-História do IFPA
campus Altamira. Integrante do grupo de pesquisa Tecnologia e Educação no Xingu
e Região da Transamazônica.
Referências bibliográficas
ABUD, Katia Maria. A História nossa de cada dia: Saber escolar e
Saber acadêmico na sala de aula. In: MONTEIRO, Ana Maria; GASPARELLO, Arlette
Medeiros; MAGALHÃES, Marcelo de Souza. (org.). Ensino de História: sujeitos,
saberes e práticas. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. p. 25-72.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História:
Fundamentos e Métodos. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2018. 328 p.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
Brasília: MEC/SEF, 2003.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos/ História. Brasília: MEC/SEF, 1998.
COSTA, Carolina Lima. A História Antiga presente no Livro
Didático. In: BUENO, André.; CAMPOS, Carlos Eduardo; BORGES, Airan.
(org.). Ensino de História Antiga. 1. ed. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/UFMS,
2020. p. 98-103.
FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e Ensinar História: Anos iniciais
do ensino fundamental. Belo Horizonte: Dimensão, 2009. 234 p.
FORQUIN, Jean Claude. Escola e Cultura: As Bases sociais e
epistemológicas do conhecimento. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1993.
201 p.
FREIRE, Paulo. À sombra desta Mangueira. 11. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2013. 256 p.
GUIMARÃES, Selva. Didática e Prática no Ensino de História. 1. ed.
Campinas: Papirus, 2014. 256 p.
GROCHOSKI, Cibeli; STRONA, Millian Carla. PIBID em prática: Metodologia
para trabalhar a cultura do Egito Antigo no Ensino Fundamental. In: BUENO,
André; CAMPOS, Carlos Eduardo; BORGES, Airan. (org.). Ensino de História
Antiga. 1. ed. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/UFMS, 2020. p. 104-110.
KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar
de pesquisa. In: NIKITIUK, Sonia (ORG). Repensando o Ensino de História. 8. ed.
São Paulo: Cortez, 2012. p. 29-50.
LIA, Cristine Fortes; COSTA, Jessica Pereira da.; MONTEIRO, Katani
Maria Nascimento. A produção de material didático para o ensino de História.
Revista Latino-Americana de História. Curitiba, v. 2, n. 6, p. 85-91,
ago./2013.
LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem Escolar: Estudos e
Proposições. São Paulo: Cortez, 2014. 272 p.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do
processo. 6. ed. São Paulo: EPU, 2010. 194 p.
OLIVA, Anderson Ribeiro. Desafricanizar o Egito,
embranquecer Cleópatra: silêncios epistêmicos nas leituras eurocêntricas sobre
o Egito em manuais escolares de História no PNLD 2018. Romanitas - Revista
de Estudos Grecolatinos.. Vitória, v. 10, p. 26–63, jan./2017.
ROCHA, Ubiratan. Reconstruindo a História a partir do imaginário
do aluno. In: NIKITIUK, Sonia (ORG). Repensando o Ensino de História. 8. ed.
São Paulo: Cortez, 2012. p. 51-70.
Parabéns pelo trabalho realizado Jayza!
ResponderExcluirComo você percebeu a influência do cinema na percepção do que os alunos conheciam sobre o Egito?
Isabele Fogaça de Almeida
Olá Isabele, muito obrigada!
ExcluirO apelo que o cinema trouxe na construção do imaginário deles é muito forte. Inclusive o título da peça acabou sendo escolhido devido a essa influência "Deuses do Egito". Eles trouxeram muitas ideias sobre deuses, aparência física e as pirâmides. Notei na pesquisa no entanto, que o que fica mais forte nos alunos com os filmes é sempre a parte religiosa.
Jayza Monteiro Almeida
Olá Jayza
ResponderExcluirParabéns pela sua pesquisa
Creio que ela foi muito bem desenvolvida e apresenta resultados satisfatórios.
Gostaria de colocar apenas algumas provocações. Como você adaptaria o projeto caso você dispusesse de quatro aulas em vez de doze (no Paraná quatro aulas é o tempo que um professor do Ensino Fundamental normalmente tem para ensinar uma "unidade temática")? E tal como o aluno lhe questionou sobre os modelos tradicionais de avaliação, eu gostaria de perguntar também se o projeto adotado não corre o risco de não conseguir mediar junto ao aluno o conhecimento sobre outros aspectos da História e Cultura do Egito Antigo que geralmente são mediados no ensino tradicional (os diferentes grupos sociais e suas funções, História política do Antigo Egito, religiosidades, vida e morte, economia, o papel dos deuses etc.). Em caso de afirmativa, como você pretenderia cobrir essas lacunas?
Bem, desde já agradeço
Isaias Holowate
Olá Isaias, muito obrigada!
ExcluirÉ sempre bom essa troca de diálogo com diversas regiões do país para vermos como o ensino de história se constituí em outros lugares, obrigada por trazer essa provocação que com certeza trouxe reflexões.
Respondendo a sua pergunta, sempre procuro realizar minhas atividades dentro do que a escola me dá liberdade para fazer, então a maneira como conduziria dependeria muito do ecossistema da instituição. São professores que aceitam trabalhar integrando as disciplinas? Serão apenas quatro aulas no horário regular, mas existe a possibilidade de um atendimento no contraturno ou um horário extra para atendimento ao aluno? Se fosse uma escola que não me desse abertura nenhuma, provavelmente buscaria apresentar ao menos um conteúdo de uma forma diferenciada, como por exemplo na quarta aula apresentaria através da cena de algum game (Assassin’s Creed: Origins), ou até mesmo um texto mitológico, que apresente os aspectos religiosos e sociais da antiguidade de maneira mais lúdica.
Agora abarcando a segunda pergunta:
O texto integral da peça teve uma preocupação muito grande em trabalhar esses aspectos mencionados. Na construção do período em que a peça ocorreria, os alunos tiveram que pesquisar sobre o Antigo, Médio e Novo Império assim como os períodos intermediários. Na hora de escolher o nome dos personagens e suas funções, a organização social e política também foi trabalhada. O Ato III foi totalmente dedicado a religiosidade. Devido ao grande número de aulas dedicadas ao projeto, os temas tradicionais puderam ser abordados de maneira ainda mais profunda do que normalmente realizados em sala de aula.
Espero que tenha esclarecido as dúvidas. Fico à disposição
Jayza Monteiro Almeida
Parabéns pela pesquisa bem feita! Eu só tenho uma dúvida, Jayza.
ResponderExcluirComo aplicar esse tipo de abordagem do conteúdo referente a Antiguidade no ensino fundamental, considerando o currículo escolar que os docentes obrigatoriamente tem que seguir, que muitas vezes atua como um obstáculo da utilização de métodos que possam estimular o interesse dos alunos, já que acaba por valorizar um ensino mais mecanicista?
Marcelli Gamarra de Melo
Olá Marcelli, muito obrigada!
ExcluirEu compreendo sua angústia pois me deparei muitas vezes com ela. A vontade de trabalhar com novas metodologias mas não poder devido ao pouco tempo. A solução encontrada por mim, mas é importante sempre levar em consideração a realidade que estava inserida, foi realizar trabalhos com professores que tenham maior carga horária na escola, como Língua Portuguesa e Matemática. Dessa forma, conseguia trabalhar o conteúdo obrigatório, mas também conseguia realizar atividades com novas metodologias que exigem tempo e dedicação para serem executadas.
Jayza Monteiro Almeida
Parabéns pela sua pesquisa!
ResponderExcluirBom, indo para a pergunta, ao decorrer do texto, foi possível notar que os estudantes já tinham certas ideias do Egito Antigo antes das aulas sobre o tema, advindo de materiais como filmes, jogos e afins, porém com certas concepções que foram desmistificadas ao decorrer das aulas. A partir disso, como os materiais, citados anteriormente, poderiam colaborar para o ensino do Egito Antigo como uma extensão do conhecimento e interesse para os alunos ao ser tratado em sala de aula?
Heric Takeo Toyota Nara.
Olá Heric, muito obrigada!
ExcluirAcredito que todos esses materiais citados são pontos extremamente pertinentes e ótimos temas geradores para o trabalho com os alunos, tenho algumas ideias para o trabalho com essas ferramentas, porém nunca executei. As pesquisas com a utilização de games e cinema são interessantíssimas e dependendo da realidade que a turma estivesse inserida seria um ótimo recurso. Ressalto a questão da realidade, pois durante a realização desse projeto trabalhava em uma cidade metropolitana, na qual esses produtos faziam parte da realidade e do dia a dia dos alunos, mas ao me mudar de cidade, notei que esses produtos culturais não tinham o mesmo significado para esse novo público que trabalho atualmente.
Jayza Monteiro Almeida
Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirGostaria de mencionar, que dentro de sala de aula, trabalhar com as novas metodologias tem se mostrado cada vez mais eficaz e de bom proveito para os educandos, uma vez que integra melhor os alunos e os aproxima do conhecimento histórico, trazendo a ideia de pertencimento e consciência. Porém como lidar com os pais que ainda não vêem que este tipo de Ensino também é válido e até produz melhores resultados frente à metodologia tradicional que estão acostumados? Como demonstrar que outras formas de ensinar são possíveis?
Crislli Vieira Alves Bezerra
Olá Crislli, muito obrigada!
ExcluirEssa questão que você trouxe é muito interessante. Nessa escola que trabalhei, a história não recebia a mesma cobrança e questionamento dos pais, como por exemplo, Língua Portuguesa e Matemática, mas ao trabalhar em outro município a atividade não recebeu a mesma abertura dos familiares dos alunos. A solução encontrada na minha realidade após esse trabalho, foi mesclar. Utilizar a nova metodologia, mas mesclar com atividades que cobrassem o conteúdo de forma tradicional para os responsáveis pelos alunos poderem visualizar o que estava sendo feito.
Jayza Monteiro Almeida
Jackiely de Lima Feitosa
ResponderExcluirQue texto excelente! pude perceber muito disso desde que passei a ensinar aos alunos do ensino fundamental, envolvê-los nas aulas de histórias tem sido uma tarefa, frequentemente falam que em história só tem que trabalhar textos e decorar coisas. A didática apresentada com este texto será de grande utilidade sem sombra de dúvidas, adaptar esta forma de ensino proposta para as aulas remotas será muito necessário para os dias atuais nessa realidade pandêmica que estamos enfrentando.
Olá Jackiely! Obrigada, realmente a tarefa de apresentar a História de uma maneira que os alunos se sintam parte integrante e tenham interesse é um grande desafio, que bom que o texto pode fornecer auxílio para você. Mais uma vez obrigada e fico a disposição
ExcluirJayza Monteiro Almeida
Olá Jayza, tudo bem?
ResponderExcluirPrimeiramente Parabéns pelo seu texto, realmente trabalha com a história antiga não é tarefa fácil, devido a muitas destas civilizações não fazer parte do cotidiano dos discentes. Mas existe estratégias para aproximar os educandos destas civilizações, como a Egípcia, mencionado no texto. A sua pesquisa, trouxe luz para metodologia e proposta educacionais em sala de aula. Uma maneira de retirar o aluno desse ensino clássico, ou seja, "receber conteúdo pronto". Portanto, a sua pesquisa contempla as novas metodologias da BNCC, despertando no aluno seu interesse e conhecimento do mundo. Quais foram as maiores dificuldades para aplicação da proposta? Houve resistência por parte da escola?
Ayrton Costa da Silva
Olá Ayrton, muito obrigada.
ExcluirCreio que as grandes dificuldades para a aplicação da proposta foram a falta de verba e de apoio da coordenação escolar. A verba para a construção dos cenários, materiais, todos os objetos confeccionados no projeto foram adquiridos com dinheiro arrecadado entre os professores para a execução do projeto ou de conhecidos que possuíam materiais sobrando em casa de projetos passados. Quanto ao apoio da coordenação escolar, a preocupação com a ordem e silêncio era tão grande que atividades diferenciadas eram desestimuladas por mudarem a rotina escolar. Os alunos precisavam transitar na escola para pegar material em outra sala, lavar os pincéis utilizados nas pinturas, realizar a passagem de som e pegar cabos que não estavam nos laboratórios, coisas que por mais que fossem planejadas com antecedência, aconteciam imprevistos na hora e precisavam sair da sala. No dia da peça a rotina de levar todas as turmas para assistirem também foi desestimulada. Acredito que esses foram os dois pontos mais problemáticos.
Jayza Monteiro Almeida
Jayza Monteiro Almeida, primeiramente parabéns pelo texto.
ResponderExcluirComo você mesmo disse, a História positivista prioriza os grandes nomes políticos, as grandes classes sociais, e acaba "esquecendo" das debaixo. Vi que na atividade da Segunda Semana, o Grupo 7 ficou responsável pelos Aspectos Sociais e Vida Cotidiana.
Este é um interessante elemento, pois muitos pré-adolescentes do 6º ano tem dúvidas de como funcionava a ordem socioeconômica egípcia. Inclusive eu, quando era 5ª série.
Você acredita mostrar a "história vista debaixo" ajudaria a conectar mais os alunos com o assunto lecionado?
Alexandre Silveira de Amorim - Estudante de História do 6º período na UFRPE.
Olá Alexandre, muito obrigada.
ExcluirAcredito que a história apresentada partindo de um ponto de vista das pessoas comuns, não causa estranhamento nos alunos e retira a aura exótica do conteúdo, criando uma aproximação e consequentemente respeito com culturas diferentes.
Jayza Monteiro Almeida
Excelente trabalho, obrigada por compartilhar!
ResponderExcluirAo trabalharmos o Egito Antigo, podemos perceber que muitos alunos trazem consigo apenas a ideia da existência da figura do faraó, deuses, pirâmides e múmias. Você acredita que um enfoque maior na vida cotidiana no Egito Antigo, serviria para desfazer muitos esteriótipos relacionados ao tema, criados principalmente pela mídia?
Lauana Angelica Souza Almeida
Olá Lauana, muito obrigada.
ExcluirSim, com certeza. O trabalho com a vida cotidiana cria uma aproximação além de noção de pertencimento, ao encontrar semelhanças e ver o modo de vida das pessoas sem a aura do exótico o aluno consegue desenvolver respeito e empatia com culturas diferentes.
Jayza Monteiro Almeida
Excelente trabalho, obrigada por compartilhar!
ResponderExcluirAo trabalharmos o Egito Antigo, podemos perceber que muitos alunos trazem consigo apenas a ideia da existência da figura do faraó, deuses, pirâmides e múmias. Você acredita que um enfoque maior na vida cotidiana no Egito Antigo, serviria para desfazer muitos esteriótipos relacionados ao tema, criados principalmente pela mídia?
Lauana Angelica Souza Almeida
Comentário publicado repetido, resposta acima.
ExcluirOlá, Jayza! Parabéns pelo seu trabalho e por compartilhá-lo conosco mesmo nessa situação terrível em que estamos enfrentando.
ResponderExcluirPesquiso História Antiga e já percebo os vários desafios que enfrentamos pelo grande distanciamento temporal, falta de espaço na BNCC e etc. Reparei que você teve um tempo relativamente extenso pra trabalhar a temática, durante esse espaço de tempo qual foi a abordagem utilizada com as/es/os discentes que estavam mais ligados a forma "tradicional" de aula e de avaliação? Tu apresentou alguma espécie de projeto a gestão escolar pra executar essas atividades? Quais os desafios pra implementação da proposta?
Queria deixar uma indicação pra você da pesquisa da Viviane Aparecida intitulada "O Egito como componente curricular de história: desafios e possibilidades no ensino de história da África" creio que vá agregar muito na tua pesquisa.
Comentário publicado repetido, resposta abaixo.
ExcluirOlá, Jayza! Parabéns pelo seu trabalho e por compartilhá-lo conosco mesmo nessa situação terrível em que estamos enfrentando.
ResponderExcluirPesquiso História Antiga e já percebo os vários desafios que enfrentamos pelo grande distanciamento temporal, falta de espaço na BNCC e etc. Reparei que você teve um tempo relativamente extenso pra trabalhar a temática, durante esse espaço de tempo qual foi a abordagem utilizada com as/es/os discentes que estavam mais ligados a forma "tradicional" de aula e de avaliação? Tu apresentou alguma espécie de projeto a gestão escolar pra executar essas atividades? Quais os desafios pra implementação da proposta?
Queria deixar uma indicação pra você da pesquisa da Viviane Aparecida intitulada "O Egito como componente curricular de história: desafios e possibilidades no ensino de história da África" creio que vá agregar muito na tua pesquisa.
Olá Gabriela, muito obrigada.
ExcluirNotei que muitos colegas que comentaram no texto estranharam o longo tempo dedicado ao projeto e gostaria de aproveitar a sua pergunta para elucidar essa questão. O projeto foi realizado em uma escola pública da Prefeitura de Vila Velha, a realidade desse município é um trabalho com mais autonomia para o professor gerir o tempo das suas aulas. Não se tem uma divisão rígida do tempo que deve ser dedicado a cada conteúdo. O professor realiza a seleção e o tempo que usará para cada tópico, a divisão dos conteúdos abordados no trimestre é avaliada pela pedagoga e dentro desse trimestre você fica livre para usar do tempo da aula de maneira que você considerar mais pertinente. Elucidado esse ponto, aos discentes que estavam mais ligados a forma tradicional, as pesquisas no laboratório e a anotação referentes a segunda semana, estava mais de acordo com o modelo de ensino que eles estavam acostumados, trouxeram informações e observações pertinentes para a construção do texto da peça, atendo-se as datas e as cores corretas que deveriam ser utilizadas. Quanto ao projeto, ele foi apresentado a pedagoga que em reunião posterior levou a gestão para que autorizasse a utilização das salas e de alguns sábados na escola no segundo mês que não foi abordado no texto.
E muito obrigada pela indicação.
Jayza Monteiro Almeida