Clivya da Silveira Nobre

 

ASPECTOS DO ENSINO DA HISTÓRIA DO EGITO ANTIGO: ANÁLISE DO LIVRO 2 DO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA COLEÇÃO 2015 DA REDE PITÁGORAS

 

 

Introdução

O ensino de História Antiga, por muito tempo apresentado apenas no Ensino Fundamental II, foi antecipado pela Editora Educacional da Rede Pitágoras, a partir de sua coleção de materiais didáticos de 2015, surgindo no livro 2 do 3º ano do Ensino Fundamental. De forma breve, simples e lúdica, a temática do Egito Antigo surge em dois momentos: numa breve comparação com outras sociedades do chamadoCrescente Fértil”, e numa apresentação mais  detalhada da sociedade egípcia antiga, com as principais características de sua cultura.

 

O livro didático é um material rico de possibilidades para a análise de aspectos da cultura escolar. Segundo Kazumi Munakata, cultura escolar é um conceito que se refere tanto às normas, símbolos e princípios que regem o ensino, quanto às práticas, apropriações e resistências que ocorrem no espaço escolar. E o livro didático é um produto feito pela e para essa cultura. Ele afirma:

 

“Cultura material, então, não é algo para ser contemplado nostalgicamente, mas indício de práticas humanas e suas variações, entre a prescrição e as apropriações. No caso aqui abordado a cultura material escolar interessa na medida em que ali estão inscritas as possibilidades de práticas, de usos dos objetos, com fins educativos, o que permite averiguar os conteúdos disciplinares ministrados, a metodologia empregada, as atividades realizadas etc.” (MUNAKATA, 2016, p. 134).

 

Partindo desse pressuposto, é possível identificar nos elementos de um livro didático características presentes na cultura escolar. Os materiais didáticos mais atuais, como produtos da indústria cultural e inseridos na lógica da vendagem, buscam aproximações com as propostas e indicações nacionais para o Ensino Básico. No momento da publicação da obra didática em questão, em 2015, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) eram as diretrizes federais mais recentes. A adequação aos parâmetros foi indicada na capa da obra, como forma de chamar a atenção de professores e pais de alunos para a sua qualidade.

 

Nesse artigo serão analisados aspectos formais, estruturais e gráficos do material, informações autorais, estrutura, temas, e por fim, os seus conteúdos historiográficos e pedagógicos, como esses conteúdos são aplicados em exercícios de aprendizagem e em materiais em anexo que complementam a obra. A partir dessa análise é possível compreender de que maneira livros didáticos recentes se apropriaram de diretrizes federais e de novas concepções sobre o processo de ensino-aprendizagem de História, e que aspectos da cultura escolar eles podem indicar.

 

Análise de aspectos formais

O material tem a forma de apostila e tem menos páginas que um livro comum, pois os conteúdos de um ano completo foram desmembrados em dois volumes, um para cada semestre. O volume em questão é referente ao segundo semestre. Sua capa é colorida, com ilustrações de prédios históricos, como o Coliseu, o Partenon, igrejas e mesquitas. Logo nas primeiras páginas são mostradas as seções do livro, com breves explicações sobre o que se trata em cada uma delas e com uma pequena ilustração gráfica, um sinal que representa cada uma e que surge em seu início, como uma forma de ajudar o aluno a manusear a obra  em busca de informações e se localizar no texto.

 

Destacam-se entre as seções as seguintes: Tempo de Questionar, que inicia o capítulo e contém questões para identificar conhecimento prévio do aluno sobre o tema, tendo como símbolo o ponto de interrogação; Ponto de Referência – Tempo de Conhecer contém um texto explicativo sobre a temática e seu símbolo é uma criança com o livro aberto; a  seção Investigando..., simbolizada pela lupa, aproxima o aluno do conceito de fonte histórica, com textos de outras épocas; Marcando o Tempo..., simbolizada pela ampulheta, se dedica às atividades sobre noções de tempo; Explorando..., simbolizada por uma antena, envolve o lúdico ao trazer jogos para relacionar os conhecimentos aprendidos.

 

As atividades estão em duas seções: Síntese – Tempo de Concluir, com questões discursivas, ou seja, de resposta em texto escrito pelo aluno, e Tempo de Conferir, com questões de múltipla escolha. No fim do capítulo há a seção Tempo de Ir Além, com sugestões de livros, sites e filmes para expandir a pesquisa sobre os temas abordados. Entre as seções, os boxes Informando... e Você Sabia?, que destacam informações consideradas mais importantes.

 

De acordo com o historiador francês Alain Choppin (2000, p. 30) "em um livro didático, tipografia e composição da página estão estreitamente relacionados ao discurso didático: desenvolvem um código com coerência, mas um código próprio dessa ferramenta e exclusiva dela." De fato, o uso de cores, de ícones, de elementos têm funções específicas que se repetem ao longo da obra. Principalmente nas obras direcionadas aos estudantes do Ensino Fundamental I, o conteúdo do manual não tem apenas um texto único e sim uma série de textos, fotos, esquemas e gráficos, para simplificar a compreensão e torná-la mais dinâmica.

 

Durante todo o livro há a presença de um personagem chamado Dudu, caracterizado por trajes típicos de um arqueólogo, chapéu, mochila e bússola, que traz informações novas e faz questionamentos durante os capítulos. Estas questões serão respondidas ao longo do texto. Este personagem apresenta a imagem mais conhecida de arqueólogo para aproximar dos alunos uma prática essencial nas pesquisas arqueológica e histórica: a problematização. O levantamento de perguntas, ou problemas, para posteriormente respondê-las com pesquisa, é uma das propostas dos PCNs:

 

“Nesse sentido, é importante que o professor crie situações rotineiras, nas suas aulas, de atitudes questionadoras diante dos acontecimentos e das ações dos sujeitos históricos, possibilitando que sejam interpretados e compreendidos a partir das relações (de contradições ou de identidade) que estabelecem com outros sujeitos e outros acontecimentos do seu próprio tempo e de outros tempos e outros lugares, isto é, relações que estabelecem por suas semelhanças, suas diferenças, suas proximidades, suas dependências, suas continuidades. As explicações dos alunos para os questionamentos devem considerar, assim, uma multiplicidade de entendimentos, de abrangências, de confrontamentos e de relações, revelando tramas conflituosas para a história estudada.” (BRASIL, 1997, p. 54).

 

As ilustrações são frequentes, a maioria delas é feita pelos ilustradores da equipe da Editora Educacional. E elas são geralmente associadas a ideias. Nas páginas referentes ao Egito Antigo, há desenhos de pirâmides e outras obras, dos deuses, de hieróglifos e até uma grande ilustração em página dupla representando o cotidiano do Egito Antigo. Há também mapas, que mostram como as civilizações orientais mais antigas se desenvolveram próximas aos rios, como por exemplo, o Egito próximo ao Rio Nilo. Há fotos do Egito atual e de resquícios deixados pela civilização antiga, como sarcófagos e pinturas em paredes, mas há uma insuficiência ao apresentar as referências dessas imagens, seu contexto, o local onde estão etc.

 

O uso das imagens denota uma perspectiva de “janelas para o passado”, ou seja, utilização de ilustrações para enfatizar o conteúdo do texto escrito, e não como uma fonte que foi produzida por sujeitos históricos e que precisa ser problematizada. Algumas seções estão diretamente relacionadas com as propostas do Ministério da Educação, o MEC, é a Tempo de Ir Além, com sugestões de livros, filmes e sites para expansão da pesquisa do aluno e incentivo ao interesse e a curiosidade deste pelo tema de cada capítulo.

 

"O Guia do livro didático, organizado pelo MEC para auxiliar o professor na seleção e escolha dos livros a ser adotados, refere-se sempre a esse material como subsídio, suporte ou instrumento de apoio às aulas [...] um referencial e não como um texto exclusivo, depositário único do conhecimento escolar" (BITTENCOURT, 1997, p. 219).

 

Em outros momentos da obra, esta seção apresenta perguntas que discutem o ritmo dos processos históricos, comparando diferentes transformações mais lentas ou mais rápidas que outras. Na proposta do PCN é sugerido que "No trabalho com tempo histórico, dimensionando-o como duração, escolher temas de estudos que possibilitem: comparar acontecimentos do presente com outras épocas e lugares; e identificar e estudar acontecimentos de curta, média e longa duração." (BRASIL, 1997, p. 60). Outras orientações do PCN apropriadas pela estrutura do texto didático são as seguintes:

 

“Nas dinâmicas das atividades, propõe-se que o professor: valorize, inicialmente, os saberes que os alunos possuem sobre o tema abordado, criando momentos de trocas de informações e opiniões; avalie essas informações, identificando quais poderiam enriquecer seus repertórios e suas reflexões; proponha novos questionamentos, informe sobre dados desconhecidos e organize pesquisas e investigações.” (BRASIL, 1997, p. 51).

 

A seção Tempo de Questionar nítidamente segue as indicações do MEC, ao fazer sondagens dos conhecimentos prévios dos estudantes, ao buscar despertar curiosidade para a pesquisa e promover a discussão em grupo dos questionamentos.

 

Sobre os elaboradores da obra

Na apresentação do livro, as autoras Carla Miller Brant Moraes e Rejane Vieira Oliva afirmam que propõem uma abordagem das temáticas dos primeiros povos visando à reflexão, questionamentos, comparações e descobertas a respeito desses povos. A forma como esta intenção é alcançada pelas autoras, com comparação de aspectos dos povos, análise de costumes, cotidiano e apresentação da interação que ocorreu entre diferentes povos contemporâneos demonstra que a linha historiográfica delas tende a um ecletismo, com predominância da Nova História Cultural. Infelizmente, a bibliografia consultada na elaboração da obra não está presente na edição Livro do Aluno do manual.

 

Carla Moraes é licenciada em História, especialista em Educação, e MBA em Gestão de Instituições Educacionais. Já Rejane Oliva é licenciada em Pedagogia, especialista em Psicopedagogia e MBA em Gestão de Instituições Educacionais. Na elaboração dos livros elas contam com uma equipe de consultoria e supervisão pedagógica. Ou seja, a coleção é produto de uma perspectiva mercadológica de material didático, no qual a autoria na prática fica diluída na escrita de inúmeros sujeitos componentes da equipe editorial, e não é possivel atribuir cada informação a cada sujeito específico.

 

Análise de aspectos de conteúdo

Inicialmente são apresentados os temas referentes à História Antiga, especificamente da região do “Crescente Fértil”, com explicações sobre a transição de aldeias para cidades, citando como fatores para essa mudança a divisão de tarefas, o excedente da produção de alimentos que levou ao desenvolvimento de um comércio entre aldeias, a necessidade de um poder político que equilibrasse os interesses de todos e conduzisse os trabalhos coletivos. Estas características são semelhantes àquelas que a arqueologia utiliza para classificar sociedades simples e complexas.

 

Em seguida há um quadro com representações dos principais legados das quatro sociedades destacadas do Oriente Próximo: Mesopotâmicos (com Jardins Suspensos, tábuas de escrita cuneiforme e estátua de Hamurabi), Fenícios (com embarcações, moedas, e o alfabeto criado por eles), Hebreus (com o pastoreio, a estrela de Davi e Moisés com a tábua dos dez mandamentos) e Egípcios (com a Esfinge, as três pirâmides, o busto de Nefertiti, templos, hieróglifos e a agricultura).

 

No box Informando... explica-se o conceito de civilização e há uma preocupação em evitar que se crie ideias de superioridade entre povos considerados civilizados e não civilizados. Quando se trata da pluralidade étnica, o PCN afirma que é errado, conceitual e eticamente, sustentar argumentos de ordem racial/étnica para justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos humanos, e orienta que escola se posicione criticamente em relação a esses fatos, mediante informações corretas, cooperando no esforço histórico de superação do racismo e da discriminação.

 

Após algumas atividades, o box Você Sabia? articula o texto bíblico como referência para abordar dois contatos entre povos dessa região: o cativeiro da Babilônia (2Rs 25.8-12), quando o povo hebreu esteve sob o domínio do Império Babilônico, fato histórico comprovado por outras fontes; e a escravidão dos hebreus no Egito (Ex 1. 8-14), que não foi comprovada por demais fontes. Ambas as temáticas foram tratadas de forma similar na escrita do livro didático, sem que a informação de que uma delas não apresenta evidências externas à narrativa bíblica fosse sequer citada.

 

No subtópico "A Civilização Egípcia" é explicada a localização geográfica do Rio Nilo, sua importância para a civilização egípcia e a influência de suas cheias na agricultura local. No outro subtópico, "O Modo de Viver dos Egípcios", se explica rapidamente a visão que se tinha dos faraós no Egito Antigo. No box Você Sabia? são apresentados dois exemplos de governantes do Egito Antigo: Tutancâmon e Nefertiti. Ambos viveram no Novo Império, na XVIII dinastia. Tutancâmon foi rei entre 1347 a. C. e 1338 a. C. e Nefertiti não há certeza se foi rainha sozinha alguma vez, mas, no reinado de seu marido Akhenaton, que durou entre 1364 a. C. e 1347 a. C., ela foi influente e até considerada uma deusa.

 

No trecho seguinte, fala-se sobre a mumificação e os sarcófagos. Para explicar a religião funerária dos egípcios antigos, um texto do site da revista Ciência Hoje é utilizado. Um jargão típico do estudo do Egito é repetido nele: de que a morte não era considerada algo triste para essa civilização. Porém, estudos mais recentes sobre a mentalidade dos povos do Egito Antigo apontam que a crença numa vida após a morte, na qual se pode levar seus pertences e manter sua posição social da vida no outro mundo, não significa que não havia sofrimento em relação a morte de parentes e entes queridos.

 

Pode-se afirmar que a utilização da citação do site sem uma problematização de suas informações seja parte da busca por tornar certos conteúdos mais compreensíveis aos alunos, por meio de simplificações e generalizações. Diversos aspectos da vida cotidiana do Egito Antigo são explicados de forma sucinta, como sua arquitetura, as obras de barragem, os cuidados com a higiene, os produtos químicos desenvolvidos por eles, como tintas e maquiagens, e informações sobre os hieróglifos. O privilégio de aspectos culturais em detrimento de dados políticos e econômicos denota a opção pela valorização do legado cultural como justificativa para se ensinar sobre Antiguidade, o que dialoga com as diretrizes federais e com a perspectiva historiográfica em maior evidência no período.

 

Análise de aspectos pedagógicos

Na seção Marcando o Tempo há um exemplo de uma atividade na qual adesivos com ilustrações que representam etapas da transformação das aldeias em cidades precisam ser colocados em ordem cronológica. Nessa atividade, o conteúdo das explicações está representado nas figuras, e por fim o processo da mudança das aldeias em cidades fica retratado como uma história em quadrinhos. Isto dialoga com as considerações de Bittencourt, que afirma:

 

“Uma análise dos conteúdos pedagógicos ou do método de aprendizagem de um livro didático deve atentar para a averiguação das atividades mediante as quais os alunos terão oportunidade de fazer comparações, identificar as semelhanças e diferenças entre os acontecimentos, estabelecer relações entre situações históricas [...] fornecendo pistas para a realização de pesquisa e outras fontes de informação.” (BITTENCOURT, 2009, P. 316).

 

A forte presença de imagens no corpo do texto e nas atividades se relaciona a uma perspectiva intuitiva do ensino. Ela parte do pressuposto de que a aprendizagem se torna facilitada quando parte do mais concreto, simples e próximo para o mais abstrato, complexo e distante. Quanto ao desenvolvimento dessa teoria por Pestalozzi:

 

 “intuição está relacionada à indução. São os elementos sensíveis, aquilo que se pode relacionar com os sentidos, que formam o conhecimento. O contato com a natureza, por meio dos elementos concretos que ela proporciona, é que construirá o conhecimento nos estudantes, pois é pela observação da natureza, que se pode compreender o mundo. Nesse sentido, as coisas – os objetos – têm papel fundamental no método de Pestalozzi. A observação desses objetos e sua interação com os mesmos é que geram conhecimento” (ADORNO; MIGUEL, 2020, p.3).

 

Neste caso, o concreto se trataria do uso de imagens, ou seja, do estímulo sensorial, e de alegorias que comparam o conhecimento histórico a uma viagem, por exemplo, e o abstrato os conhecimentos históricos sobre o Egito Antigo. Considerando que o público ao qual a obra se destina sejam crianças entre sete e oito anos, essa escolha metodológica se mostra adequada.  No fim do livro, há um mapa do Egito, com treze paradas em diferentes pontos das margens do Rio Nilo. A cada parada, diferentes detalhes da civilização egípcia são explicados.

 

Cada  parada dessa atividade contém um adesivo correspondente, com imagens que são como fotos tiradas na viagem fictícia. A 1ª parada explica o calendário egípcio e é uma oportunidade de apresentar ao aluno diferentes possibilidades de contagem de tempo. A 2ª parada fala sobre o culto ao deus Sol Rá. A 3ª parada fala sobre as habitações egípcias. As demais paradas falam sobre instrumentos musicais, utilidades do papiro, medicina, agropastoreio, as grandes construções, os diques, e principais cidades como Tebas, Mênfis e Heliópolis. Todo o caminho segue ao longo do Rio Nilo até que ele deságue no mar.

 

Considerações finais

A temática do Egito Antigo foi privilegiada nessa obra, talvez pelas inúmeras referências a essa sociedade que se tem em filmes e na cultura pop atual. Os métodos pedagógicos e as concepções historiográficas se mostram em sintonia com as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A linguagem utilizada é acessível ao público infantil, mas com algumas poucas inconsistências na simplificação dos assuntos. As poucas referências do contexto de produção de algumas imagens pode dificultar um trabalho mais efetivo com o vestígio. Por sua vez, a forma lúdica, com muitas imagens e exercício da imaginação ajudam no entendimento dos conteúdos.

 

O livro selecionado para análise apresenta características muito presentes nos livros didáticos mais recentes e que podem dar indícios de características da cultura escolar que permeiam o Ensino Básico de História, ou que deveriam permear na concepção dos autores. Ensino que parta de concretudo para a abstração, se aproximando da realidde do aluno, o respeito à diversidade e valorização do legado cultural de diversas sociedades para a sociedade na qual o aluno está inserido são alguns desses aspectos.

 

Referência Biográfica

Clivya da Silveira Nobre é mestranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN) e bolsista remunerada CAPES. É graduada em História (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

 

Referências Bibliográficas

A BÍBLIA sagrada: edição pastoral. São Paulo: Paulus, 2012.

 

ADORNO, Thais Lira França; MIGUEL, Maria Elizabeth Blanck. A metodologia de Pestalozzi e o ideário da Escola Nova. Acta Scientiarum Educação, v. 42, 2020.

 

BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. 3. ed., São Paulo: Cortez, 2009.

 

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.

 

CHOPPIN, Alain. Los manuales escolares de ayer a hoy: un ejemplo de Francia. História de la Educación, Madri, nº 19, p 13-37, 2000.

 

JACQ, C. Akhenaton e Nefertiti: o casal solar. São Paulo: Hemus, 1978.

 

MORAES, C. M. B. & OLIVA, R. J. História, ano: Ensino Fundamental, livro 2. Belo  Horizonte: Editora Educacional (Rede Pitágoras), 2015.

 

MUNAKATA, Kazumi. Livro didático como indício da cultura escolar. Hist. Educ. (Online), Porto Alegre, v. 20, n. 50, Set./dez., 2016, p. 119-138.

5 comentários:

  1. Olá Clivya.
    Parabéns pela sua pesquisa.
    Gostaria de colocar uma questão para reflexão.
    Eu ensinei História para crianças do Ensino Fundamental I em 2019 e 2020. Não me lembro exatamente com qual coleção trabalhamos. Mas me chamou muita atenção como os livros didáticos de História eram insuficientes se comparados com livros de outras disciplinas ou de outros conteúdos do saber não escolar. Lembro que os livros de Matemática e Geografia, por exemplo, tinham uma quantidade e qualidade de conteúdo relativamente aceitável para o ensino de crianças dessa idade. Fora do meio escolar, os livros didáticos de línguas estrangeiras também apoiavam de forma adequada o ensino das línguas e era bem comum que os professores de línguas trabalhassem quase que exclusivamente com os livros didáticos. O mesmo estava longe de acontecer com História. Na época, minhas maiores queixas eram com incorreções e afirmações simplistas sobre a Pré-História, Egito e Mesopotâmia. Lembro-me por exemplo, de uma reprodução da imagem da estátua de Ramsés II em Abu Simbel logo após o título "Faraós do Antigo Império". E dos Assítios, Elamitas, babilônicos e Neobabilônicos serem reduzidos à categoria "Mesopotâmia". Coisas do tipo. Bem, caso você já tenha experiência em sala de aula com o Ensino Fundamental I, gostaria de saber sobre qual o percentual de aulas você efetivamente conseguiu utilizar o livro didático? E também, pensando futuramente, o que podemos fazer para melhorar os nossos livros didáticos, principalmente do Fundamental I, pois, além de tudo, livro didático é um relevante investimento do Estado e é um tanto triste que, por suas especificidades, ele acabe tendo de ser a segunda ou às vezes até terceira opção na lista de "materiais de apoio".
    Desde já agradeço
    Abraço
    Isaias Holowate

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    1. Clivya da Silveira Nobre27 de maio de 2021 às 10:24

      Olá Isaías.

      A produção e comercialização de livros didáticos no Brasil, especialmente os que se dirigem ao atendimento de demandas do ensino privado, estão inseridas numa lógica mercadológica: as escolas fazem acordos de exclusividade com editoras e estas, para baratear os custos e aumentar o lucro, diminuem progressivamente a quantidade de páginas e o conteúdo dos livros didáticos. Nesse processo pode ocorrer a excessiva simplificação das informações. Nunca lecionei no Ensino Fundamental I, mas, acompanhando o trabalho de colegas que já atuaram nessa etapa do ensino, percebo que a limitada carga horária da disciplina e a alta diversidade de conteúdos a serem abordados provocam a pouca ou nula quantidade de aulas abordando Antiguidade. Essa temática surge mais frequentemente em abordagens sobre História africana. Quanto ao material didático, as possíveis fragilidades de seu conteúdo podem ser contornadas pelos professores de forma criativa, uma sugestão é a produção de materiais complementares utilizando ferramentas online, como o Padlet.

      Agradeço pelas palavras e pelas questões.

      Abraço

      Clivya da Silveira Nobre

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  2. Olá, Clivya. Ótimo texto!

    Analisar os livros didáticos que atendem nosso ensino básico é essencial. Por se tratar de uma ferramenta utilizada para formação de futuros cidadãos de nossa sociedade, os livros didáticos devem sempre estar sob olhares críticos, visando sempre o seu aprimoramento. Dito isso, gostaria de levantar as seguintes questões.

    1. O que podemos acrescentar sobre o ensino de Historia da Africa nessa obra?

    2. tendo em vista que se trata de um material do ensino fundamental I,dadas as devidas proporções, havia algum trabalho para valorização da cultura afrodescendente?

    3. O quão raso era os conteúdos referentes a antiguidade africana?

    Mais uma vez, parabéns pelo texto.

    Abraços!

    José Ricardo Paulo de Lima.

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    1. Clivya da Silveira Nobre27 de maio de 2021 às 10:26

      Olá, Ricardo, obrigada!

      De fato, a análise de livros didáticos com fonte histórica que pode indicar aspectos do ensino de História é um processo importante para a melhoria da educação básica no Brasil.

      1. Essa obra poderia acrescentar a temática da História da África abordando as relações que o Egito Antigo estabeleceu ao longo dos séculos com povos da África Subsaariana, como os núbios e o Reino de Cuxe, por exemplo.

      2. O material didático em questão, o Livro 2 do 3º Ano dessa coleção, tem a sociedade egípcia antiga como única sociedade africana apresentada. Aspectos culturais comumente associados à cultura afrodescendente não são relacionados a temática do Egito Antigo.

      3. Em outros volumes da coleção ocorre a citação de sociedades da África Subsaariana, porém a abordagem das sociedades do Crescente Fértil foi mais aprofundada. Outro aspecto da própria organização dos conteúdos dentro dos volumes da coleção é a dissociação entre o Egito Antigo e o restante da África, sendo feita uma opção por associar a sociedade egípcia antiga com os povos do Oriente Médio.

      Obrigada pelas considerações.

      Abraços!

      Clivya da Silveira Nobre

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  3. Marcos José Soares de Sousa28 de maio de 2021 às 14:16

    òtimo texto. Como vcs vêm a questão do protagonismo negro no livro analisado por voces, Existe esse protagonismo?

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