ASPECTOS
DO ENSINO DA HISTÓRIA DO EGITO ANTIGO: ANÁLISE DO LIVRO 2 DO 3º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA COLEÇÃO 2015 DA REDE PITÁGORAS
Introdução
O ensino de História
Antiga, por muito tempo apresentado apenas no Ensino Fundamental
II, foi antecipado pela Editora Educacional da Rede Pitágoras, a partir de sua
coleção de materiais didáticos de
2015, surgindo no livro 2 do 3º ano do Ensino Fundamental. De forma breve, simples e lúdica, a temática do Egito Antigo surge em dois momentos:
numa breve comparação com outras sociedades do chamado “Crescente Fértil”, e numa apresentação mais
detalhada da sociedade egípcia antiga, com as principais características de sua cultura.
O livro didático é um
material rico de possibilidades para a análise de aspectos da cultura escolar.
Segundo Kazumi Munakata, cultura escolar é um conceito que se refere tanto às
normas, símbolos e princípios que regem o ensino, quanto às práticas, apropriações
e resistências que ocorrem no espaço escolar. E o livro didático é um produto
feito pela e para essa cultura. Ele afirma:
“Cultura material, então,
não é algo para ser contemplado nostalgicamente, mas indício de práticas
humanas e suas variações, entre a prescrição e as apropriações. No caso aqui
abordado a cultura material escolar interessa na medida em que ali estão
inscritas as possibilidades de práticas, de usos dos objetos, com fins
educativos, o que permite averiguar os conteúdos disciplinares ministrados, a
metodologia empregada, as atividades realizadas etc.” (MUNAKATA, 2016, p. 134).
Partindo desse
pressuposto, é possível identificar nos elementos de um livro didático
características presentes na cultura escolar. Os materiais didáticos mais
atuais, como produtos da indústria cultural e inseridos na lógica da vendagem,
buscam aproximações com as propostas e indicações nacionais para o Ensino
Básico. No momento da publicação da obra didática em questão, em 2015, os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) eram as diretrizes federais mais recentes. A
adequação aos parâmetros foi indicada na capa da obra, como forma de chamar a atenção
de professores e pais de alunos para a sua
qualidade.
Nesse artigo serão
analisados aspectos formais, estruturais e gráficos do material, informações
autorais, estrutura, temas, e por fim, os seus
conteúdos historiográficos e pedagógicos, como esses conteúdos são
aplicados em exercícios de aprendizagem e em
materiais em anexo que complementam a obra.
A partir dessa análise é possível compreender de que maneira livros didáticos
recentes se apropriaram de diretrizes federais e de novas concepções sobre o
processo de ensino-aprendizagem de História, e que aspectos da cultura escolar
eles podem indicar.
Análise de aspectos
formais
O material tem a forma de
apostila e tem menos páginas que um livro comum, pois os conteúdos de um ano completo foram desmembrados em dois volumes,
um para cada semestre. O volume em questão é referente ao segundo semestre. Sua
capa é colorida, com ilustrações de prédios históricos, como o Coliseu,
o Partenon, igrejas e
mesquitas. Logo nas primeiras páginas são mostradas as seções do livro,
com breves explicações sobre o que se trata em cada uma delas e com uma pequena
ilustração gráfica, um sinal que representa
cada uma e que surge em seu início, como uma forma de ajudar o aluno a manusear a obra
em busca de informações e se localizar no texto.
Destacam-se entre as
seções as seguintes: Tempo de Questionar,
que inicia o capítulo e contém questões para identificar conhecimento prévio do aluno sobre o tema, tendo como símbolo o ponto
de interrogação; Ponto de Referência – Tempo de Conhecer contém um texto explicativo sobre a temática e seu símbolo é uma criança
com o livro aberto; a
seção Investigando..., simbolizada pela lupa, aproxima o
aluno do conceito de fonte histórica, com textos de outras épocas; Marcando o Tempo..., simbolizada pela ampulheta, se dedica às
atividades sobre noções de tempo; Explorando..., simbolizada por uma antena,
envolve o lúdico ao trazer jogos para
relacionar os conhecimentos aprendidos.
As atividades estão em
duas seções: Síntese – Tempo de
Concluir, com questões discursivas, ou seja, de resposta em texto escrito
pelo aluno, e Tempo de Conferir, com questões de múltipla escolha. No fim do capítulo há a seção Tempo de Ir
Além, com sugestões de livros, sites e filmes para expandir
a pesquisa sobre os temas abordados. Entre as seções,
há os boxes Informando... e Você
Sabia?, que destacam informações consideradas mais importantes.
De acordo com o historiador francês Alain Choppin (2000, p. 30) "em um
livro didático, tipografia e composição da página estão estreitamente relacionados ao discurso didático:
desenvolvem um código com coerência, mas um código próprio dessa ferramenta e exclusiva dela."
De fato, o uso de cores, de ícones, de elementos têm funções específicas que se repetem ao longo da
obra. Principalmente nas obras direcionadas aos estudantes do Ensino Fundamental I, o conteúdo do
manual não tem apenas um texto único e sim uma série de textos, fotos, esquemas e gráficos, para simplificar a compreensão e torná-la mais dinâmica.
Durante todo o livro há a presença de um personagem chamado Dudu,
caracterizado por trajes típicos
de um arqueólogo, chapéu, mochila
e bússola, que traz informações novas e faz questionamentos
durante os capítulos. Estas questões serão respondidas ao longo do texto.
Este personagem apresenta a imagem
mais conhecida de arqueólogo para aproximar dos alunos uma prática essencial nas pesquisas
arqueológica e histórica: a problematização. O levantamento de perguntas, ou problemas, para
posteriormente respondê-las com pesquisa, é uma das propostas dos PCNs:
“Nesse sentido, é importante que o professor crie situações rotineiras, nas
suas aulas, de atitudes questionadoras diante dos acontecimentos e das ações dos sujeitos
históricos, possibilitando que sejam interpretados e compreendidos a partir das relações
(de contradições ou de identidade) que estabelecem com outros sujeitos e outros acontecimentos do seu próprio tempo
e de outros tempos e outros lugares, isto é, relações
que estabelecem por suas semelhanças, suas diferenças, suas proximidades,
suas dependências, suas continuidades. As explicações dos alunos para os questionamentos devem considerar, assim, uma multiplicidade de entendimentos, de
abrangências, de confrontamentos e de relações, revelando tramas conflituosas para a história estudada.” (BRASIL, 1997, p. 54).
As ilustrações são
frequentes, a maioria delas é feita pelos ilustradores da equipe da Editora
Educacional. E elas são geralmente associadas a ideias. Nas páginas referentes
ao Egito Antigo, há desenhos de
pirâmides e outras obras, dos deuses, de hieróglifos e até uma grande ilustração em página dupla representando o
cotidiano do Egito Antigo. Há também mapas, que mostram como as civilizações orientais mais antigas se
desenvolveram próximas aos rios, como por exemplo,
o Egito próximo ao Rio Nilo. Há fotos do Egito atual e de resquícios deixados
pela civilização antiga, como
sarcófagos e pinturas em paredes, mas há uma insuficiência ao apresentar as referências
dessas imagens, seu contexto, o
local onde estão etc.
O uso das imagens denota
uma perspectiva de “janelas para o passado”, ou seja, utilização de ilustrações
para enfatizar o conteúdo do texto escrito, e não como uma fonte que foi
produzida por sujeitos históricos e que precisa ser problematizada. Algumas
seções estão diretamente relacionadas com as propostas do Ministério da
Educação, o MEC, é a Tempo de Ir
Além, com sugestões de livros, filmes e sites para expansão da pesquisa
do aluno e incentivo ao interesse e a curiosidade deste pelo tema de cada capítulo.
"O Guia do livro didático, organizado pelo
MEC para auxiliar o professor na seleção e escolha dos livros a ser adotados, refere-se sempre a esse material como
subsídio, suporte ou instrumento de apoio às aulas [...] um referencial e não como um texto exclusivo, depositário único do conhecimento escolar" (BITTENCOURT,
1997, p. 219).
Em outros momentos da
obra, esta seção apresenta perguntas que discutem o ritmo dos processos históricos, comparando diferentes
transformações mais lentas ou mais rápidas que outras. Na proposta do PCN é sugerido que "No trabalho
com tempo histórico, dimensionando-o como duração,
escolher temas de estudos que
possibilitem: comparar acontecimentos do
presente com outras épocas e lugares; e identificar e estudar acontecimentos de curta, média e longa duração." (BRASIL, 1997, p. 60). Outras orientações do PCN apropriadas pela estrutura do
texto didático são as seguintes:
“Nas dinâmicas das
atividades, propõe-se que o professor: valorize, inicialmente, os saberes que os alunos já possuem
sobre o tema abordado, criando
momentos de trocas de informações e opiniões; avalie essas
informações, identificando quais poderiam enriquecer seus repertórios e suas reflexões; proponha novos
questionamentos, informe sobre dados desconhecidos e organize pesquisas e investigações.” (BRASIL,
1997, p. 51).
A seção Tempo de
Questionar nítidamente segue as indicações do MEC, ao fazer sondagens dos
conhecimentos prévios dos estudantes, ao buscar despertar curiosidade para a
pesquisa e promover a discussão em grupo
dos questionamentos.
Sobre os elaboradores da obra
Na apresentação do livro,
as autoras Carla Miller Brant Moraes e Rejane Vieira Oliva afirmam que propõem uma abordagem das
temáticas dos primeiros povos visando
à reflexão, questionamentos,
comparações e descobertas a respeito desses povos. A forma como esta intenção é alcançada pelas autoras, com comparação de aspectos dos povos, análise
de costumes, cotidiano
e apresentação da interação que ocorreu entre diferentes povos contemporâneos demonstra que a linha historiográfica delas
tende a um ecletismo, com predominância da Nova História Cultural. Infelizmente, a bibliografia consultada na
elaboração da obra não está presente na edição Livro
do Aluno do
manual.
Carla Moraes
é licenciada em História, especialista em Educação, e MBA
em Gestão de Instituições Educacionais. Já Rejane
Oliva é licenciada em
Pedagogia, especialista em Psicopedagogia
e MBA em Gestão de Instituições Educacionais. Na elaboração dos livros elas
contam com uma equipe de consultoria e supervisão
pedagógica. Ou seja, a coleção é produto de uma perspectiva mercadológica de
material didático, no qual a autoria na prática fica diluída na escrita de
inúmeros sujeitos componentes da equipe editorial, e não é possivel atribuir
cada informação a cada sujeito específico.
Análise de aspectos de conteúdo
Inicialmente são apresentados os temas referentes à História Antiga, especificamente da região do “Crescente
Fértil”, com explicações sobre a transição de aldeias para cidades, citando como fatores para essa
mudança a divisão de tarefas, o excedente da produção de alimentos que levou ao desenvolvimento de um comércio entre
aldeias, a necessidade de um poder político que equilibrasse os interesses de todos e conduzisse os trabalhos coletivos. Estas características
são semelhantes àquelas que a arqueologia utiliza para classificar sociedades
simples e complexas.
Em seguida há um quadro
com representações dos principais legados das
quatro sociedades destacadas do Oriente Próximo: Mesopotâmicos (com
Jardins Suspensos, tábuas de escrita
cuneiforme e estátua de Hamurabi), Fenícios (com embarcações, moedas, e o
alfabeto criado por eles), Hebreus
(com o pastoreio, a estrela de Davi e Moisés com a tábua dos dez mandamentos) e Egípcios (com a Esfinge,
as três pirâmides, o busto de Nefertiti, templos, hieróglifos e a agricultura).
No box Informando... explica-se
o conceito de civilização e há uma preocupação em evitar que se crie ideias de superioridade entre povos
considerados civilizados e não civilizados. Quando
se trata da pluralidade étnica, o PCN afirma que é errado, conceitual e
eticamente, sustentar argumentos de ordem racial/étnica para justificar desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, exploração de certos grupos
humanos, e orienta que escola se
posicione criticamente em relação a esses
fatos, mediante informações corretas, cooperando no esforço histórico de
superação do racismo e da discriminação.
Após algumas
atividades, o box Você Sabia? articula o texto bíblico como referência para abordar dois
contatos entre povos dessa região: o cativeiro da Babilônia (2Rs 25.8-12),
quando o povo hebreu esteve sob o domínio do Império Babilônico, fato histórico comprovado por outras fontes; e a escravidão
dos hebreus no Egito (Ex 1. 8-14), que não foi
comprovada por demais fontes. Ambas as temáticas foram tratadas de forma
similar na escrita do livro didático, sem que a informação de que uma delas não
apresenta evidências externas à narrativa bíblica fosse sequer citada.
No subtópico "A
Civilização Egípcia" é explicada a localização geográfica do Rio Nilo, sua importância para a civilização egípcia e a influência de suas cheias
na agricultura local.
No outro subtópico, "O Modo
de Viver dos Egípcios", se explica rapidamente a visão que se tinha dos faraós no Egito Antigo. No box Você
Sabia? são apresentados dois exemplos de governantes
do Egito Antigo: Tutancâmon e Nefertiti. Ambos viveram no Novo Império, na
XVIII dinastia. Tutancâmon foi rei
entre 1347 a. C. e 1338 a. C. e Nefertiti não há certeza se foi rainha sozinha alguma vez, mas, no reinado de seu
marido Akhenaton, que durou entre 1364 a. C. e 1347 a. C., ela foi influente e até considerada uma deusa.
No trecho seguinte,
fala-se sobre a mumificação e os sarcófagos. Para explicar a religião funerária dos egípcios antigos, um texto
do site da revista Ciência Hoje é utilizado. Um jargão típico do estudo do Egito é repetido nele: de que a morte não
era considerada algo triste para essa civilização.
Porém, estudos mais recentes sobre a mentalidade dos povos do Egito Antigo
apontam que a crença numa vida após a morte, na qual se pode levar seus
pertences e manter sua posição social
da vida no outro mundo, não significa que não havia sofrimento em relação a
morte de parentes e entes queridos.
Pode-se afirmar que a
utilização da citação do site sem uma problematização de suas informações seja
parte da busca por tornar certos conteúdos mais compreensíveis aos alunos, por
meio de simplificações e generalizações. Diversos aspectos da vida cotidiana do
Egito Antigo são explicados de forma sucinta,
como sua arquitetura, as obras de barragem, os cuidados com a higiene,
os produtos químicos desenvolvidos
por eles, como tintas e maquiagens, e informações sobre os hieróglifos. O
privilégio de aspectos culturais em detrimento de dados políticos e econômicos
denota a opção pela valorização do legado cultural como justificativa para se
ensinar sobre Antiguidade, o que dialoga com as diretrizes federais e com a
perspectiva historiográfica em maior evidência no período.
Análise de aspectos
pedagógicos
Na seção Marcando o
Tempo há um exemplo de uma atividade na qual adesivos com ilustrações que representam etapas da
transformação das aldeias em cidades precisam ser colocados em ordem cronológica. Nessa atividade, o
conteúdo das explicações está representado nas figuras, e por fim o processo da mudança das aldeias
em cidades fica retratado como uma história em quadrinhos. Isto dialoga com as considerações de Bittencourt,
que afirma:
“Uma análise dos conteúdos
pedagógicos ou do método de aprendizagem de um livro didático deve atentar para a averiguação das atividades
mediante as quais os alunos terão
oportunidade de fazer comparações, identificar as semelhanças e diferenças entre os acontecimentos, estabelecer relações entre situações históricas [...] fornecendo pistas para a realização de pesquisa e outras fontes de informação.” (BITTENCOURT, 2009, P. 316).
A forte presença de
imagens no corpo do texto e nas atividades se relaciona a uma perspectiva
intuitiva do ensino. Ela parte do pressuposto de que a aprendizagem se torna
facilitada quando parte do mais concreto, simples e próximo para o mais
abstrato, complexo e distante. Quanto ao desenvolvimento dessa teoria por
Pestalozzi:
“intuição está
relacionada à indução. São os elementos sensíveis, aquilo que se pode
relacionar com os sentidos, que formam o conhecimento. O contato com a
natureza, por meio dos elementos concretos que ela proporciona, é que construirá
o conhecimento nos estudantes, pois é pela observação da natureza, que se pode
compreender o mundo. Nesse sentido, as coisas – os objetos – têm papel
fundamental no método de Pestalozzi. A observação desses objetos e sua
interação com os mesmos é que geram conhecimento” (ADORNO; MIGUEL, 2020, p.3).
Neste caso, o concreto se
trataria do uso de imagens, ou seja, do estímulo sensorial, e de alegorias que
comparam o conhecimento histórico a uma viagem, por exemplo, e o abstrato os
conhecimentos históricos sobre o Egito Antigo. Considerando que o público ao
qual a obra se destina sejam crianças entre sete e oito anos, essa escolha
metodológica se mostra adequada. No fim do livro, há um mapa do Egito,
com treze paradas em diferentes pontos das margens
do Rio Nilo. A cada parada, diferentes detalhes da civilização egípcia são
explicados.
Cada parada dessa atividade contém um
adesivo correspondente, com imagens que são como fotos tiradas na viagem fictícia. A 1ª parada explica o calendário
egípcio e é uma oportunidade de apresentar ao aluno diferentes possibilidades de contagem de tempo. A 2ª parada fala
sobre o culto ao deus Sol Rá. A 3ª parada fala sobre as habitações egípcias. As
demais paradas falam sobre instrumentos musicais, utilidades do papiro, medicina,
agropastoreio, as grandes construções, os diques, e
principais cidades como Tebas, Mênfis e Heliópolis. Todo o caminho
segue ao longo do
Rio Nilo até que ele deságue no mar.
Considerações
finais
A temática do Egito Antigo
foi privilegiada nessa obra, talvez pelas inúmeras referências a essa sociedade
que se tem em filmes e na cultura pop atual. Os métodos pedagógicos e as concepções historiográficas se mostram em sintonia
com as propostas dos Parâmetros Curriculares
Nacionais. A linguagem
utilizada é acessível ao público infantil, mas com algumas poucas inconsistências na simplificação dos assuntos. As poucas referências do contexto de produção de algumas imagens pode dificultar um
trabalho mais efetivo com o vestígio. Por sua vez, a forma lúdica, com muitas
imagens e exercício da imaginação ajudam no entendimento dos conteúdos.
O livro selecionado para
análise apresenta características muito presentes nos livros didáticos mais
recentes e que podem dar indícios de características da cultura escolar que
permeiam o Ensino Básico de História, ou que deveriam permear na concepção dos
autores. Ensino que parta de concretudo para a abstração, se aproximando da
realidde do aluno, o respeito à diversidade e valorização do legado cultural de
diversas sociedades para a sociedade na qual o aluno está inserido são alguns
desses aspectos.
Referência
Biográfica
Clivya da Silveira Nobre é
mestranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN) e bolsista remunerada CAPES. É graduada em
História (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN).
Referências
Bibliográficas
A BÍBLIA sagrada: edição pastoral. São Paulo: Paulus, 2012.
ADORNO, Thais Lira França;
MIGUEL, Maria Elizabeth Blanck. A metodologia de Pestalozzi e o ideário da
Escola Nova. Acta Scientiarum Educação, v. 42, 2020.
BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. 3. ed., São Paulo: Cortez,
2009.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CHOPPIN, Alain. Los
manuales escolares de ayer a hoy: un ejemplo de Francia. História de la
Educación, Madri, nº 19, p 13-37, 2000.
JACQ, C. Akhenaton e Nefertiti: o casal solar.
São Paulo: Hemus,
1978.
MORAES, C. M. B. & OLIVA, R. J. História, 3º ano: Ensino Fundamental, livro 2. Belo Horizonte: Editora
Educacional (Rede Pitágoras), 2015.
MUNAKATA, Kazumi. Livro
didático como indício da cultura escolar. Hist. Educ. (Online), Porto Alegre,
v. 20, n. 50, Set./dez., 2016, p. 119-138.
Olá Clivya.
ResponderExcluirParabéns pela sua pesquisa.
Gostaria de colocar uma questão para reflexão.
Eu ensinei História para crianças do Ensino Fundamental I em 2019 e 2020. Não me lembro exatamente com qual coleção trabalhamos. Mas me chamou muita atenção como os livros didáticos de História eram insuficientes se comparados com livros de outras disciplinas ou de outros conteúdos do saber não escolar. Lembro que os livros de Matemática e Geografia, por exemplo, tinham uma quantidade e qualidade de conteúdo relativamente aceitável para o ensino de crianças dessa idade. Fora do meio escolar, os livros didáticos de línguas estrangeiras também apoiavam de forma adequada o ensino das línguas e era bem comum que os professores de línguas trabalhassem quase que exclusivamente com os livros didáticos. O mesmo estava longe de acontecer com História. Na época, minhas maiores queixas eram com incorreções e afirmações simplistas sobre a Pré-História, Egito e Mesopotâmia. Lembro-me por exemplo, de uma reprodução da imagem da estátua de Ramsés II em Abu Simbel logo após o título "Faraós do Antigo Império". E dos Assítios, Elamitas, babilônicos e Neobabilônicos serem reduzidos à categoria "Mesopotâmia". Coisas do tipo. Bem, caso você já tenha experiência em sala de aula com o Ensino Fundamental I, gostaria de saber sobre qual o percentual de aulas você efetivamente conseguiu utilizar o livro didático? E também, pensando futuramente, o que podemos fazer para melhorar os nossos livros didáticos, principalmente do Fundamental I, pois, além de tudo, livro didático é um relevante investimento do Estado e é um tanto triste que, por suas especificidades, ele acabe tendo de ser a segunda ou às vezes até terceira opção na lista de "materiais de apoio".
Desde já agradeço
Abraço
Isaias Holowate
Olá Isaías.
ExcluirA produção e comercialização de livros didáticos no Brasil, especialmente os que se dirigem ao atendimento de demandas do ensino privado, estão inseridas numa lógica mercadológica: as escolas fazem acordos de exclusividade com editoras e estas, para baratear os custos e aumentar o lucro, diminuem progressivamente a quantidade de páginas e o conteúdo dos livros didáticos. Nesse processo pode ocorrer a excessiva simplificação das informações. Nunca lecionei no Ensino Fundamental I, mas, acompanhando o trabalho de colegas que já atuaram nessa etapa do ensino, percebo que a limitada carga horária da disciplina e a alta diversidade de conteúdos a serem abordados provocam a pouca ou nula quantidade de aulas abordando Antiguidade. Essa temática surge mais frequentemente em abordagens sobre História africana. Quanto ao material didático, as possíveis fragilidades de seu conteúdo podem ser contornadas pelos professores de forma criativa, uma sugestão é a produção de materiais complementares utilizando ferramentas online, como o Padlet.
Agradeço pelas palavras e pelas questões.
Abraço
Clivya da Silveira Nobre
Olá, Clivya. Ótimo texto!
ResponderExcluirAnalisar os livros didáticos que atendem nosso ensino básico é essencial. Por se tratar de uma ferramenta utilizada para formação de futuros cidadãos de nossa sociedade, os livros didáticos devem sempre estar sob olhares críticos, visando sempre o seu aprimoramento. Dito isso, gostaria de levantar as seguintes questões.
1. O que podemos acrescentar sobre o ensino de Historia da Africa nessa obra?
2. tendo em vista que se trata de um material do ensino fundamental I,dadas as devidas proporções, havia algum trabalho para valorização da cultura afrodescendente?
3. O quão raso era os conteúdos referentes a antiguidade africana?
Mais uma vez, parabéns pelo texto.
Abraços!
José Ricardo Paulo de Lima.
Olá, Ricardo, obrigada!
ExcluirDe fato, a análise de livros didáticos com fonte histórica que pode indicar aspectos do ensino de História é um processo importante para a melhoria da educação básica no Brasil.
1. Essa obra poderia acrescentar a temática da História da África abordando as relações que o Egito Antigo estabeleceu ao longo dos séculos com povos da África Subsaariana, como os núbios e o Reino de Cuxe, por exemplo.
2. O material didático em questão, o Livro 2 do 3º Ano dessa coleção, tem a sociedade egípcia antiga como única sociedade africana apresentada. Aspectos culturais comumente associados à cultura afrodescendente não são relacionados a temática do Egito Antigo.
3. Em outros volumes da coleção ocorre a citação de sociedades da África Subsaariana, porém a abordagem das sociedades do Crescente Fértil foi mais aprofundada. Outro aspecto da própria organização dos conteúdos dentro dos volumes da coleção é a dissociação entre o Egito Antigo e o restante da África, sendo feita uma opção por associar a sociedade egípcia antiga com os povos do Oriente Médio.
Obrigada pelas considerações.
Abraços!
Clivya da Silveira Nobre
òtimo texto. Como vcs vêm a questão do protagonismo negro no livro analisado por voces, Existe esse protagonismo?
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