ENSINO DE PRÉ-HISTÓRIA E ANTIGUIDADE: RELATO DE UMA ATIVIDADE
INTERDISCIPLINAR
Introdução
Desde o final de 2019, as licenciaturas de História devem seguir
as diretrizes da BNC-Formação, que regulamenta os currículos nacionais para a
formação de professores (BORGES, LEITE, 2020). Esse documento, entre outras alterações,
ampliou as horas do curso de licenciatura para 3.200 horas. Isso provocou uma
mudança em vários PPCs que se atualizaram para estar de acordo com a nova
legislação. Apesar disso, observa-se que a maioria destes documentos segue a
disposição de suas disciplinas numa ordem cronológica, sendo a oferta de
disciplinas como Pré-História e História Antiga restritas aos primeiros
semestres.
Essa temporalidade da História, e que é mantida ainda hoje na
maior parte dos currículos das licenciaturas, tem seu modelo discutido pelos
pesquisadores da área, porém, na prática mantém-se os paradigmas do modelo
quatripartície. Pensando nesse contexto da temporalidade, uma das críticas se
dá pela forma linear como a História acaba sendo discutida, sem aprofundar nas
particularidades históricas e sociais de cada grupo. E neste caso acabamos
tendo uma contradição entre a discussão teórica e a prática. Se no campo
teórico, sabemos que a periodização é apenas é uma ferramenta didática para
organizar o conhecimento histórico, na prática pode reforçar uma posição linear
e progressiva do desenvolvimento humano, no qual o ápice é a atualidade.
Portanto, há o risco dos cursos não preparem de maneira eficaz os novos
docentes para atuarem de acordo com as propostas da BNCC, e até mesmo com a
habilidade de criticá-la nas suas fragilidades.
Pensando sobre as temporalidades e as consequentes periodizações
da História, Jacques Le Goff (2015) afirma que essa é uma questão que deve ser
pensada nas suas continuidades, rupturas e modos de pensar a memória da
História, e a maneira como concebemos a periodização da história da humanidade
- no nosso caso em pauta, da Pré-História a História Contemporânea - na verdade
trata de um processo de subjetividade em definir quando começa e quando termina
cada um.
Assim, levantando algumas questões críticas, por que o período
referente ao início da formação, ou evolução humana é considerado Pré-História?
Qual a importância de se fazer, já no ensino básico, uma discussão sobre a
evolução humana, considerando que a evolução não se restringe exclusivamente ao
biológico, mas envolve os aspectos tecnológicos, sociais, políticos, culturais,
etc? Por que o termo História só começa a ser pensado a partir das sociedades
clássicas, considerando Heródoto o seu pai fundador?
Trazer essas inquietações para a discussão nos cursos de formação
docente é permitir ao aluno da graduação um olhar mais atento às diversidades históricas
e sociais. A configuração tradicional dos cursos possui, sem dúvida, ônus e
bônus. Toda divisão cronológica no campo da História tem suas problemáticas por
ser arbitrária (GUARINELO, 2003; FARIAS JÚNIOR, 2016; SOUZA, 2019), porém, é
preciso analisarmos as continuidades e as rupturas históricas não apenas pelo
viés do tempo, mas pela contextualização e conjuntura em que se dão os
processos históricos.
Nesta perspectiva, discutir a formação da Antiguidade, sem
demonstrar como aquelas sociedades antigas chegaram àquele estágio cultural e
tecnológico, ou seja, que antes de se tornarem a representação da civilização
ocidental, sobretudo no caso das sociedades clássicas, é simplesmente fatiar a
história da humanidade em blocos temporais, como se a humanidade tivesse mudado
seu curso em um acender e apagar de luzes. Devemos apresentar aos alunos como
elas passaram pelos estágios de caçadores coletores, construtores de
ferramentas líticas e foram organizados socialmente em grupos, enfocando a
diversidade nesses processos e refletindo sobre o conceito linear de progresso,
uma vez que cada um teve seu processo singular, não restringindo a discussão
num quadro comparativo entre sociedades avançadas e atrasadas.
Assim, pensar o processo evolutivo da humanidade e suas
transformações sociais e culturais deve passar pelo exercício do
ensino-aprendizagem, pois isso repercute diretamente numa determinada forma
teleológica de ver a realidade. Para superarmos uma ideia recorrente de que há
povos mais avançados e atrasados, sendo o capitalismo ocidental considerado uma
etapa superior, o docente deve abordar uma perspectiva de mudanças contínuas,
demonstrando as conexões entre os eventos históricos que levaram diferentes
sociedades por caminhos organizacionais díspares, evitando que os fatos sejam
vistos de forma limitada, como se o simples passar do tempo fosse o único
condutor das rupturas.
No que tange ao ensino de História, essa discussão das
temporalidades pode ser abordada por diversas vertentes: currículos, formação
docente, livro didático, metodologias educacionais, didáticas, etc. Em cada um
desses pontos há um peso sobre o quê e como as pessoas em geral conhecem a
história da humanidade. No entanto, discutiremos aqui a questão a partir de
dois aspectos: a formação docente e o processo ensino-aprendizagem pelo método
de avaliação.
Apresentaremos nesse texto um relato de uma experiência aplicada
nas disciplinas de Pré-História e da Antiguidade Oriental (História Antiga I)
no curso de Licenciatura em História da UFPB, através de processo
avaliativo interdisciplinar, com o uso de metodologias ativas, pode abordar as
transformações históricas. Nesta experiência, levamos em conta que o mais
importante no processo de formação do discente da graduação é que este adquira
o perfil de pesquisador-professor e, por consequência, tenha as habilidades e
as competências para permitir que seus alunos percebam as continuidades e
rupturas da História de forma crítica.
É fato que trabalhar com as disciplinas de Pré-história e História
Antiga logo nos semestres iniciais dos cursos de licenciatura em História
aumenta o desafio e a responsabilidade do docente na graduação. Nesse sentido,
nossa preocupação enquanto professor é trabalhar com conteúdos que usualmente
não são próximos dos alunos, visto que, por exemplo, a grande maioria não
estudou Pré-História no Ensino Médio, e os conceitos sobre a Antiguidade são
bastante generalizadas e com altas doses de anacronismos. Deste modo, o que
temos buscado, enquanto docentes, com uma integração interdisciplinar, é um
despertar para a especificidade de cada área de estudo, e como adotar tal
conhecimento na prática docente, incorporando sempre nessa prática a pesquisa
historiográfica.
Pré-História e Antiguidade: do Ensino Básico ao Ensino Superior
Tradicionalmente, a escrita se torna o principal marco entre a
Pré-História e a Antiguidade, com um salto súbito entre as duas fases (GURGEL,
2017; FARIAS JÚNIOR, 2019). O modo como esses períodos são trabalhados no
ensino, demonstram muito mais um processo de ruptura, do que o processo de uma
evolução dos estágios culturais. De forma mais objetiva, a Pré-História é o
lugar dos povos em atraso, na personificação do "homem das cavernas",
dos que não têm qualquer conhecimento sobre sociedade ou uso de tecnologias. Ao
contrário da Antiguidade, na qual é apresentada como o nascer da civilização,
da escrita, das formas estruturais de organização social, administrativa e
política, em que os povos desenvolveram não somente um rico pensar científico e
filosófico, mas foram capazes de desenvolver grandes monumentos arquitetônicos.
É nessa discrepância entre um período e outro que o ensino de
História precisa ser pensado, e de forma concomitante, entre o ensino básico e
o ensino superior. Na educação básica, a Pré-História é vista de forma muito
ampla e uma projeção de 5 milhões de anos - do surgimento dos primeiros
hominídeos - até os processos de migração dos primeiros humanos nas Américas,
há cerca de 50 mil anos encontra-se, na maior parte das vezes, reduzido em um
capítulo dos livros didáticos.
É comum nos livros didáticos, nos capítulos seguintes, ver o
desenvolvimento e as maravilhas das chamadas “grandes civilizações”. Dos povos
mesopotâmicos ao Império Romano, a humanidade já é como nos encontramos, como
se nada mais houvesse antes disso. A importância do neolítico, que foi singular
em cada região, é colocada de maneira genérica em poucas linhas, valorizando,
sobretudo, o início das práticas agrícolas. A própria configuração da Antiguidade
no livro didático também deve ser problematizada, pois sugere uma hierarquia
entre as civilizações, com uma clara valorização dos gregos e romanos
(GUARINELLO, 2013; LEITE 2020). Portanto, o professor, na sua prática docente
deve sempre questionar com seus alunos como esses povos chegaram até aos
estágios do conhecimento cultural, artístico e tecnológico? Como se dava a
integração entre esses povos? Em que medida o intercâmbio entre culturas pode
proporcionar avanços?
Essas provocações atendem ao que a BNCC chama de processos do
pensamento, sendo eles: identificação, comparação, contextualização,
interpretação e análise (BRASIL, 2017, p. 398). Numa exemplificação simples
para o nosso tema em debate e baseado nas provocações acima apontadas, a partir
de atividades avaliativas, os alunos poderiam identificar que as
transformações humanas não são abruptas; em seguida seria comparar os
episódios históricos a partir de uma contextualização da evolução
cultural; e uma vez apontados os elementos que permitiram aos homens passarem
dos estágios de caçadores-coletores até chegar às formações urbanas, seriam
capazes de interpretar e analisar como, quando e porque as
sociedades se desenvolveram em diferentes estágios.
A princípio, desenvolver essas etapas para os estudantes do ensino
básico, em específico do Ensino Fundamental, pode parecer complexa, mas é uma
das formas de introduzir as relações para o conhecimento histórico, usando
instrumentos de análises, como os diferentes tipos de fontes documentais, e os
suportes para consulta, começando pelo próprio livro didático e partindo para
textos complementares, fotografias, artigos de jornais, indicação de sites,
etc. Assim, se vislumbra o que diz a BNCC: "o que nos interessa no
conhecimento histórico é perceber a forma como os indivíduos construíram, com
diferentes linguagens, suas narrações sobre o mundo em que viveram e vivem,
suas instituições e organizações sociais" (BRASIL, 2017, p. 397), e demonstrando
que “um dos importantes objetivos de História no Ensino Fundamental é
estimular a autonomia de pensamento e a capacidade de reconhecer que os
indivíduos agem de acordo com a época e o lugar nos quais vivem” (BRASIL, 2017,
p. 400).
Na estrutura curricular proposta pela Base, a Pré-História é
apresentada aos alunos do 4o. e 5o. Ano, e entre os objetos das unidades
temáticas, estão questões sobre o surgimento da espécie humana, os processos
migratórios e os primeiros americanos. Apresentar tais conteúdos já nesses
respectivos anos escolares, permite, em tese, um entendimento desse processo de
origem, formação e desenvolvimento biológico e cultural da humanidade (BRASIL,
2017, p. 413).
A discussão sobre a origem do homem segue para os alunos do 6o.
Ano, e aqui se adentra aos debates sobre "as hipóteses científicas sobre o
surgimento da espécie humana e sua historicidade e analisar os significados dos
mitos de fundação" e em seguida parte para as questões que tratam da
"invenção do mundo clássico e o contraponto com outras sociedades".
Neste último, deve-se introduzir percepções sobre as culturas africanas,
orientais e americanas. Mas é a partir do tema sobre as culturas ocidentais,
que se insere o conceito de Antiguidade
Clássica, seu alcance e limite na tradição ocidental, assim como os impactos
sobre outras sociedades e culturas (BRASIL, 2017, p. 421). Essa abordagem
recebeu inúmeras críticas, entre elas, a valorização de uma perspectiva
eurocêntrica, uma vez que África, Oriente e as Américas aparecem apenas como um
contraponto, não destacando o processo de integração entre as sociedades, nem
mesmo o potencial do reconhecimento da alteridade no ensino de História Antiga
(SANTOS, 2019; LEITE, 2020). Dessa maneira, se o docente não tiver um olhar
atento, corre-se o risco de que o ensino de História Antiga fique restrito a
uma visão eurocêntrica e à erudição vazia, distante, assim, da realidade do
aluno.
Essa construção do conhecimento sobre o período da Pré-História
até a Antiguidade Clássica trabalhado durante o Ensino Fundamental, acaba sendo
abordado através de um conceito mais global no Ensino Médio. Nesta nova etapa
do ensino, a BNCC afirma que “dada a maior capacidade cognitiva dos jovens, que
lhes permite ampliar seu repertório conceitual e sua capacidade de articular
informações e conhecimentos”, e que por terem maior domínio sobre diferentes
linguagens, assimilam melhor "os processos de simbolização e de
abstração". (BRASIL, 2018, p. 561)
Deste modo, a BNCC propõe que, para essa fase, deve-se trabalhar
as ciências humanas de forma ampliada, defendendo que conceitos de tempo e
espaço não sejam exclusivos da História e da Geografia, respectivamente, mas se
interrelacionam. Assim, o documento afirma que
“[...] os estudantes precisam desenvolver noções de tempo que
ultrapassem a dimensão cronológica, ganhando diferentes dimensões, tanto
simbólicas como abstratas, destacando as noções de tempo em diferentes
sociedades. Na história, o acontecimento, quando narrado, permite-nos ver nele
tanto o tempo transcorrido como o tempo constituído na narrativa sobre o
narrado” (BRASIL, 2018, p. 563).
O modelo proposto pela BNCC para o ensino de História na rede
básica parece inovador, e podemos até dizer promissor, se não fosse uma
conjuntura maior que envolve desde a própria formulação da Base Curricular até
chegar à formação docente. Sem adentrar no debate deste documento, o que se
percebe é que sua proposta de estrutura curricular diz muito sobre “o quê
fazer”, mas o “como fazer” fica totalmente a cargo da autonomia dos
professores. Portanto, para a melhor execução dessa tarefa é imprescindível que
os cursos de formação tenham um olhar atento a Base Curricular, bem como
garantir espaços para a formação continuada dos docentes, em particular,
aqueles que possibilitem a construção de suas próprias ferramentas pedagógicas
envolvendo o uso consciente e crítico das tecnologias.
A BNCC foi regulamentada entre os anos de 2017 e 2018. Desde a sua
publicação oficial até o presente momento (2021), os professores que atuam nas
escolas de ensino básico ainda possuem dúvidas em como, de fato, se coloca em
prática tal proposta, e, do mesmo modo, os cursos de formação docente, ainda
não estão totalmente atualizados com este regimento.
Em 2019, o MEC publicou a BNC-Formação, na qual regulamentou as
diretrizes dos cursos de licenciatura, assegurando que esses acompanhem no seu
percurso formativo as diretrizes da BNCC. Além disso, estabelece como
requisitos para as competências e habilidades dos docentes:
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de
formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e potencializar as aprendizagens.” (BRASIL,
2019, p. 17, grifo nosso)
Nesta perspectiva, podemos apontar dois sérios problemas para as
licenciaturas em História. O primeiro é quanto a compreensão da proposta da
BNCC e como se adequar às suas proposições. Se a BNCC sugere que para o ensino
de História as ações humanas sejam trabalhadas para além dos limites de espaço
e tempo, as licenciaturas precisam se desvencilhar dessa construção tradicional
em formular seus conteúdos curriculares a partir das periodizações, não se
restringindo apenas à crítica sobre a periodização. Mas a questão que realmente
se coloca é: qual proposta seria viável? É possível formar um currículo cujos
conteúdos não sigam a linha temporal?
O segundo problema está nas competências e habilidades. Quando a
BNC-Formação aumenta a carga horária dos cursos, sendo que a boa parte é
exigido de horas práticas (1.600h), as licenciaturas terão que decidir como
introduzir conteúdos que capacitem seus alunos na criação, desenvolvimento e
utilização das tecnologias digitais em suas aulas. Assim, como o docente pode
estimular a criação e o uso de tecnologias na sala de aula, ainda mais num
contexto de rápidas mudanças tecnológicas? Todos os nossos alunos teriam fácil
acesso? É vantajoso estimular o uso das tecnologias sem uma reflexão crítica
dos impactos diretos da tecnologia no nosso cotidiano?
No que concerne ao ensino de Pré-História e Antiguidade, a
tecnologia é uma importante aliada, ainda mais se considerarmos o potencial
para o uso das reconstituições e modelagens 3D na sala de aula. Soma-se a isso
as diversas bases de dados organizados por sítios arqueológicos, museus e
grupos de pesquisa que permitem trabalhar diretamente com a fonte na sala de
aula. Além destes, conta-se ainda com uma variedade de jogos digitais com
propósitos pedagógicos ou desenvolvidos a partir de achados arqueológicos, como
por exemplo, EVOLUCY, SAMBAQUI – Uma História antes do Brasil e VISPACA Antiga.
Dessa maneira, observa-se que estão à disposição do docente
diferentes produtos tecnológicos que podem ser utilizados na sala de aula.
Contudo, continua o desafio do professor desenvolver sua própria ferramenta
didática pedagógica, um dos objetivos propostos pela BNC-formação. Refletindo
sobre toda a conjuntura aqui exposta, fomos motivados por esse desafio de
propormos a atividade interdisciplinar, para que nossos discentes formulassem
suas próprias ferramentas, utilizando os mais diversos recursos disponíveis,
especialmente na internet.
Pré-História e Antiguidade: relato de uma experiência para o
desenvolvimento de metodologias ativas do ensino de História
No primeiro semestre de 2019, as professoras Cláudia Lago e
Priscilla Gontijo ministraram a disciplina de Pré-História e História Antiga I,
respectivamente, para os alunos do primeiro período da Licenciatura em
História. Como parte das avaliações das disciplinas, realizaram uma atividade
que buscasse abordar o conteúdo de maneira transdisciplinar, explorando
especialmente o momento da transição que ocorreu de maneira singular em cada
parte do planeta. Para tanto, decidimos nos concentrar no processo de formação
cultural dos povos através da sedentarização, visto no conteúdo de
Pré-História, e da criação das cidades, focando assim na região do atual
Oriente Médio, assunto abordado na História Antiga I.
O objetivo principal da atividade foi demonstrar, a partir das capacidades
tecnológicas e das organizações sociais e culturais, como se deu o processo de
adaptação dos povos. Com isso, também buscamos que o discente refletisse sobre
o impacto da tecnologia no cotidiano, discutindo numa perspectiva histórica os
conceitos de técnica e tecnologia.
A atividade foi dividida em duas partes. A primeira parte
consistiu em uma análise de um livro didático, por meio de um roteiro de 7 perguntas,
a fim de observar como esse tema é tratado na educação básica. Solicitou-se que
os discentes prestassem atenção ao texto, às imagens, aos documentos e às
atividades propostas. A segunda parte era o desenvolvimento de um material
didático que fizesse uso de uma tecnologia digital e complementasse o livro
didático analisado. Assim, poderia ser criado podcast, videoaula, jogo etc.
Para essa atividade, a sala foi dividida em grupos. Foi unânime a
percepção dos alunos de que a Pré-História e Antiguidade são colocadas de
maneiras completamente distintas e separadas, com uma divisão abrupta entre o
atraso (Pré-História) e o início da civilização (História Antiga). Milhares de
anos de avanço tecnológico são reduzidos a parcas linhas, e há pouca ênfase para
a Pré-História americana, especialmente a brasileira.
A culminância da etapa do livro didático se deu com um debate com
as reflexões e críticas dos alunos sobre o material analisado. Os alunos
expuseram quais haviam sido suas experiências de aprendizado no ensino básico,
e como eles achavam que os conteúdos poderiam e/ou deveriam ser trabalhados em
sala de aula.
Encerrada essa etapa, cabia então planejar e desenvolver o
material didático que demonstrasse as continuidades e evoluções tecnológicas
das sociedades estudadas. Dentre as propostas apresentadas, a plataforma mais
utilizada pelos alunos foi Kahoot (https://kahoot.it/), com a criação de vários
jogos de perguntas e respostas. É muito evidente como os alunos consideram a
gameficação um recurso importante para o estímulo da aprendizagem. O jogo de
perguntas e respostas variam de competições individuais a atividades em grupo
para fomentar a colaboração. Uma parte significativa dos alunos considerou
importante também a incorporação do lúdico nas atividades cotidianas dos
professores. Outro aspecto recorrente foi a percepção por parte dos alunos de
que os jogos ajudam a “fixar” melhor o conteúdo. A partir daí podemos trabalhar
com eles as ideias relativas ao ensino-aprendizagem e métodos de avaliação,
refletindo sobre memorização, aprendizagem e demonstrando que conteúdo não se
“fixa”, e que a memorização pode fazer parte de um processo de aprendizagem,
mas que esse processo não é restrito a isso.
Além do jogo de perguntas e respostas, um dos grupos desenvolveu
um Quiz na plataforma Buzzfeed denominado “Qual Hominídeo é Você?” (https://www.buzzfeed.com/ravxnrose/qual-hominadio-a-voca-bj5rksng8s).
Utilizando um método bem popular na internet de realizar testes a partir de
suas caraterísticas pessoais, o grupo buscou de uma maneira bem criativa e
divertida apresentar os hominídeos através das perguntas como: “Seu tipo de
comida preferido”, “Como você se descreve?”, “Qual país você viajaria?”, “O que
você mais odeia”.
Também foi criado o episódio de um podcast em que os alunos
tratavam dos primórdios da agricultura até o desenvolvimento das formações
urbanas, refletindo sobre as práticas agrícolas atuais e a relação entre o
homem e a natureza. O grupo acentuou os problemas vivenciados pelas primeiras
cidades, demonstrando que a visão sobre a vida dos caçadores e coletores ser
“extremamente difícil” é uma percepção construída ao longo do tempo.
Durante o debate e a apresentação dos trabalhos, os alunos, de uma
maneira geral, relataram dificuldade em encontrar materiais em português sobre
a temática, bem como a complexidade em se criar um material didático usando
tecnologias. Alguns relataram que acreditavam que seriam mais fácil executar as
tarefas propostas, e muitas ideias tiveram que ser abortadas pelas limitação
dos conhecimento técnico dos alunos ou das ferramentas a disposição – como
gravação de vídeos e músicas e a elaboração de jogos eletrônicos em primeira
pessoa.
Assim, a atividade demonstrou para os alunos a importância de um
bom planejamento para aulas, que exige tempo e dedicação, tanto para a pesquisa
quanto para a confecção de um material apropriado. Também os alunos destacaram
a importância da pesquisa no ofício da docência e a necessidade do professor
ter diferentes materiais didáticos a sua disposição.
A atividade avaliativa teve um desdobramento inesperado. O grupo
criador do podcast ficou deveras motivado e interessado no uso dessa feramente
no ensino de História, a ponto de dar continuidade na pesquisa. O resultado
foram dois projetos: um de extensão e um de pesquisa. O de extensão,
Podcast: Senta que lá vem História (https://linktr.ee/sentaquelavempodcast)
ao longo de 2020 produziu 13 episódios sobre diversos temas, buscando integrar
os pressupostos do professor-pesquisador com a ponte entre o passado e o
presente (LIMA, FERRARI, LEITE, 2021).
Um dos episódios foi “Democracia grega: aproximações e
distanciamentos” em que elementos basilares da democracia grega foram
apresentados aos ouvintes. Nesse episódio, também discutiu a respeito da
participação popular, transparência política, liberdade e igualdade, buscando
dar uma explicação para os movimentos contra a democracia que aconteceram no
Brasil no primeiro semestre de 2020 em plena pandemia. Outro episódio,
intitulado “As Queimadas do Pantanal”, abordou as questões sobre a destruição
do meio ambiente, bem como a relação das culturas tradicionais da região com as
práticas e os domínios da agricultura, desde os chamados períodos
pré-históricos até os dias atuais.
O projeto de pesquisa Tecnologias e metodologias ativas no
Ensino de História tem como proposta identificar as dificuldades existentes
para a adoção das metodologias ativas e dos recursos didáticos digitais, e
avaliar a exequibilidade desses recursos como melhoria no processo
ensino-aprendizagem dos alunos.
Considerações
Finais
Incorporar atividades relacionadas à prática do ensino nas
disciplinas de conteúdo formativo é uma excelente estratégia para pensar sobre
a formação do professor-pesquisador, bem como incentivar os discentes, futuros
professores, a diversificarem suas práticas.
Essa atividade apesar de não ter resultado diretamente numa
pesquisa específica em Pré-História ou em Antiguidade, gerou um projeto de
extensão e um de pesquisa, que apesar de ser organizado por um grupo de alunos,
envolveu toda turma. Tal aspecto foi importante, especialmente em 2020 com o
contexto da pandemia, pois permitiu uma união dos estudantes, incentivando-os a
continuarem pesquisando sobre as temáticas de seu interesse, mesmo num cenário
tão desafiador como o do ensino remoto.
Essa experiência avaliativa também demonstrou que os resultados
das atividades elaboradas em sala de aula, por vezes, não são como os esperados
pelos docentes. Mas isso não deve ser motivo de frustração, pois os resultados
de uma atividade podem vir meses depois de sua aplicação e de uma maneira
totalmente inesperada, como foi o caso da elaboração do projeto de extensão Podcast:
Senta que lá vem História, e das publicações iniciais resultantes do
Projeto de Pesquisa Tecnologias e metodologias ativas no Ensino de História.
Referências
biográficas
Dra. Cláudia Cristina do Lago Borges é professora do Departamento
de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Líder do grupo de
pesquisa Humanizarte.
Dra. Priscilla Gontijo Leite é professora do Departamento de
História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Vice-líder do grupo de
pesquisa Humanizarte.
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ResponderExcluirClaudia e Priscilla, parabéns pela reflexão e iniciativa!
ResponderExcluirComo vocês constataram, a BNCC diz o que precisa ser feito, mas não ensina "como fazer". Além disso, temos grades curriculares relativamente tradicionais, com pouca interdisciplinaridade (as mudanças são muitas das vezes derivadas de obrigações legais ou normativas).
Não seria o caso de pensar em cadeiras obrigatórias de metodologia e práticas que ensinassem a usar recursos digitais?
Abraços,
Renan Birro
Olá Renan,
ExcluirAgradecemos pelo comentário. Acreditamos ser de grande importância a inclusão das disciplinas de metologoais e práticas ligadas ao ensino de história que permitam refletir sobre as tecnologias. Discussões sobre o uso específico de uma ferramenta teconológica devem estar no campo de oficinas e atividades de formação continuidade - de preferência uma atividade interdisciplinar com outras áreas do saber. Afinal, essas ferramentas mundam rapidamentamente. Também há opções dos docentes incluirem essas ferramentas nas suas práticas. De qualquer forma, indepemente do caminho a ser seguido, devemos aliar sempre a reflexaõ com o "como fazer".
Abraços,
Priscilla e Cláudia.
Boa tarde, Claudia Lago e Priscilla Gontijo. Excelente artigo!
ResponderExcluirA minha pergunta é a seguinte. Em suas atividades de pesquisa e a elaboração dos jogos, podcasts e a criação de metodologias digitais, voces encontraram suporte e auxilio de outros departamentos da sua universidade? Sobretudo do departamento de educação? Há algum plano de expansão deste projeto para outras universidades do nordeste?
Henrique Saraiva Louvem
Olá Henrique,
ExcluirNo momento não temos planos de expansão para outras universidades, apesar de estarmos em constante diálogo com os colegas de outras IEs compartilhando nossas experiências. Entramos em contato com alguns colegas de outros departamentos, em particular, de Mídias Digitais para dar prosseguimento com os projetos, mas com o isolamento provocado pela pandemia, os planos tiveram que ser adiados.
Abraços,
Priscilla e Cláudia.
Inicialmente parabéns pelo trabalho. Pergunto se vocês consideraram a possibilidade de ensinar pré-história através da historiografia sobre o período pré-histórico?
ResponderExcluirOlá Luciano,
ResponderExcluirAtualmente nosso foco nas aulas tem sido exatamente uma abordagem da pré-história também pelo viés da história e da historiografia. Os dados arqueológicos e paleontológicos são essenciais para entendimento dos conceitos, mas fazer uma discussão no campo da historiografia, especialmente no que tange a história das descobertas arqueológicas no Brasil e no mundo, e como a ideia de tempo deve ser trabalhada sobre esse período da história, ajuda muito aos alunos, em especial do Ensino básico, a se familiarizarem com o tema. Os livros didáticos são muito simplificados e generalizam de forma demasiada, e isso dificulta a possibilidade de se fazer uma relação entre tempos tão longínquos com o que entendemos de tempo histórico. Posso disponibilizar material para essa discussão sobre o problema da temporalidade na pré-história, caso tenha interesse. (claudialago.rn@gmail.com)
Abraços
Cláudia e Priscilla
Bom dia Cláudia e Priscilla, parabéns pelo iniciativa e pelo excelente trabalho,
ResponderExcluirmeu questionamento fica na questão do ensino básico que como as senhoras analisaram no texto segundo das diretrizes da BNCC em 2019 acrescenta a "utilização de tecnologias digitais e informações e comunicação de forma crítica", porém me ocorre a preocupação em escolas públicas que muitas vezes são carentes e a falta dessa possibilidade de utilização de tecnologias digitais impacta no aprendizado. Minha pergunta então fica: esse movimento em direção da utilização da tecnologia no aprendizado não seria uma desvantagem para as comunidades mais carentes? Ou até mesmo sendo um pouco mais crítico uma elitização do ensino? É um avanço excepcional e o progresso é indiscutível que a tecnologia trás ao ensino, mas me preocupa o real acesso a essas inovações.
Tiago Rezende Lopes
Olá Tiago. De fato você fez uma observação importante: a da elitização do ensino. E estamos vendo isso de forma muito clara nesses tempos de isolamento social. Por outro lado, a inserção da tecnologia no ensino é uma caminho sem volta. O que nos cabe é como lidar com todo esse mecanismo e como fazer esse conhecimento e prática chegarem aos alunos e escolas mais carentes. As universidades, junto aos seus grupos de pesquisa ou extensão, precisam encontrar meios de tornar essa prática acessível, e para isso criar suportes e aplicativos gratuitos, ou ainda explorar os que já estão disponíveis. Claro que esse é um caminho longo, porque necessita de um aparato de sustentação, como recursos públicos que permitam um satisfatório processo de conectividade, formação continuada de professores e disponibilidade de suportes para os alunos. Então, na atual conjuntura, o que nos cabe é agir de todos os lados, ao mesmo tempo em que buscamos descobrir quais meios utilizar, também criar canais (de cobrança mesmo!) para que isso chegue até as escolas públicas
ExcluirMuito obrigado pela atenção Claúdia e novamente parabéns pelo texto.
ExcluirTiago Rezende Lopes
Olá Tiago Rezende,
ResponderExcluirAgradeço por seus questionamentos. Num primeiro momento, o esforço do Estado brasileiro foi em equipar as escolas. Assim, tivemos a implementação de vários laborátorios de informática nas escolas pelo país. Contudo, o que se verfica que o acesso, por si só, não é capaz de sanar as desiguidades sociais. O diferencial está no uso consciente da tecnologia e numa postura crítica e cidadã. Um exemplo é a propagação das Fake News com o crescimento do uso do smartphones. Com isso, queremos reafirmar que as políticas públicas de acesso à tecnologias devem ser acompanhadas também de formação continuida que possibilide ao docente acesso a tecnologia e que trabalhe com ela da maneira adequada para que seus alunos se tornem cidadãos conscientes. Só assim iremos caminhar para a dimiuição das brutais desigualdades de noso país.
Abraços,
Priscilla e Cláudia.
Parabéns pelo texto e pelas atividades muito interessantes que realizaram em sala de aula. Um debate que considero muito pertinente em relação a tema, é a relação do ensino da Pré- História e História antiga com a arqueologia, uma vez que essa relação possibilita entender melhor as origens e como viveram esses grupos humanos. Como consideram que o diálogo entre a história antiga, a pré-história e a arqueologia pode enriquecer o aprendizado de tais temas? E de que forma?
ResponderExcluirGerlane do Nascimento Mendes
Olá Gerlane. Obrigada por vir conversar conosco. Apesar das áreas serem muito próximas, a interação entre elas e o ensino de História ainda precisa de mais atenção. Só muito recente a arqueologia tem se aproximado dessas questões que versam sobre o ensino, e isso tem contribuído para que o ensino de pré-história e História Antiga façam um debate mais didático, ao invés de se prender aos jargões próprios da arqueologia ou abrir mão deles. E o resultado é vermos tantas informações sobre novas descobertas com a ajuda da arqueologia. Entretanto, os autores que se dedicam aos materiais didáticos precisam se familiarizar mais com essas informações. De todo modo, na prática docente, seja no ensino básico ou superior, temos que ver o conhecimento como multidisciplinar, e, especificamente sobre essas áreas de conhecimento, buscar inserir um conjunto de diálogos que converta em ações didáticas práticas.
ExcluirAbraços
Cláudia e Priscilla
Boa noite Claudia e Priscilla, muito bom o texto e suas respectivas atividades!
ResponderExcluirO meu questionamento é, o ensino da pré-história é sem sombra de dúvida fundamental para o estudo da humanidade e seus avanços, mas desde a definição de seu conceito apresenta inúmeras falhas. Tendo isso em mente, é possível e necessário que os professores possam trabalhar com seus alunos da rede de ensino básico e médio este conteúdo de forma mais ampla? Fugindo das normas e exigências dos currículos impostos? Podemos nós, professores, fazer com que os alunos também tenham olhares críticos sobre a pré-história e sua construção na rede de ensino, de modo com que desperte assim o interesse de um maior estudo sobre?
Pietra Ida Leone Sol
Olá Pietra, que bom gostou do texto. Obrigada!
ExcluirEntão, o ensino de pré-história ainda parece distante da percepção da história, talvez pelo seu grande vínculo com a arqueologia, e romper com esse distanciamento vai depender muito de como o assunto é trabalhado em sala de aula. O problema é que nem todos os cursos de licenciatura tem a disciplina de P're-história em suas grades curriculares, e na mesma linha, os livros didáticos, com algumas excessões, claro, não fazem uma atualização quanto ao debate. Desta forma, o que resta ao professor da rede básica é um exercício de exploração sobre como e quais debates estão sendo feitos. Um dos caminhos são esses espaços de discussão.
De modo geral, vale sim um debate com os alunos, primeiro para desconstruir uma ideia de linearidade de tempo, e depois a linearidade dos eventos, tais como acreditar que a evolução humana ocorreu num modelo pari passu.
O método que adotamos aqui é buscar uma provocação no sentido de repensar os modelos "certinhos" e buscar entender e relacionar as diversidades dos grupos humanos nas suas diversas temporalidades, incluindo a da "pré-história".
Abraços
Cláudia e Priscilla